Ordens para calar

  • 12-10-2021

Há quem escolha sempre as melhores alturas para desviar as atenções daquilo que

realmente importa. Em vésperas de começarmos a discutir o Orçamento do Estado, a

bancada socialista decidiu que o que realmente importa é mexer nas competências das

Ordens Profissionais. Depois de toda a cooperação desenvolvida durante a pandemia

entre Ordem e Governo, estranho que a bancada que apoia o Executivo tenha sido

inundada com tantas dúvidas sobre o papel que desempenhamos.

 

O PS sempre lidou muito mal com quem tem pensamento próprio e insiste em não ir

com a corrente. Basta olharmos para a história dos últimos anos, durante os quais até

uma sindicância fomos obrigados a enfrentar, para perceber que este Governo irrita-se

bastante com as denúncias das ordens profissionais, nomeadamente aquelas que,

como as nossas, colocam a nu as fragilidades de um SNS historicamente subfinanciado

e desvalorizado.

 

O que incomoda os adversários das Ordens Profissionais é a sua independência e

liberdade. O facto de não dependermos do erário público e não nos prestarmos ao

beija-mão, faz crescer a angústia de um certo poder em relação a reguladores

verdadeiramente livres. Aqui ninguém é nomeado com a ajuda de cartões partidários

ou com o precioso empurrão das ligações familiares.

 

Nas Ordens Profissionais, a Democracia funciona. O PS parece ignorar esse facto ao

propor a criação de um órgão de supervisão, uma espécie de polícia política do burgo,

paga com o dinheiro dos profissionais, para supervisionar as atividades daqueles que

insistem em zelar, no nosso caso, pela segurança e qualidade dos serviços prestados.

Sempre que o PS não sabe o que fazer, cria mais um órgão onde pode encostar meia

dúzia de boys e girls pago com o dinheiro dos outros.

 

Não satisfeitos com a criatividade e audácia, os deputados que apoiam o Governo

querem incorporar nos conselhos disciplinares gente que nada tem a ver com a

profissão. Ora, enquanto os tribunais pedem pareceres às Ordens para tomar decisões,

há deputados que acreditam que a acão disciplinar deve ser aberta a curiosos.

Curiosa estou eu para ver como certos grupos parlamentares, tão defensores das

liberdades quando em causa está o uso de uma máscara, se posicionam em relação a

este diploma.

 

 

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