As crianças podem esperar

  • 03-08-2021

Estamos hoje em condições de confirmar que a vacina contra a covid-19 estancou a mortalidade e o desenvolvimento da doença grave. Sobre isto já não sobram grandes dúvidas, por mais que ainda haja quem insista em viver num mundo paralelo, com pouca ou nenhuma conexão com a realidade.

A vacina derrotou o medo e permite-nos, agora, olhar para o futuro com outra esperança. Assistimos ao triunfo da ciência sobre a barbárie, mas não podemos interromper este processo por desejos, mais ou menos compreensíveis, de querer acelerar o ritmo da história. Isso seria um risco demasiado elevado que poderia comprometer toda a série de vitórias colectivas que garantimos até aqui. 

O sucesso do processo de vacinação em Portugal está associado à lógica dos pequenos passos, sem saltar etapas e resistindo à tentação de entrar em discussões estéreis sobre, por exemplo, a vacinação obrigatória de profissionais de saúde e não só. É na cautela que temos fundado o nosso triunfo, com determinação, mas nunca em excesso de velocidade. Temos trilhado este caminho com rigor e sempre baseados na evidência científica. É por aí que temos de continuar a caminhar, sem precipitações. 

É por isso que me congratulo com a decisão tomada pela DGS de adiar a decisão sobre a vacinação universal dos jovens entre os 12 e os 15 anos. Aliás, foi isso que a Ordem dos Enfermeiros defendeu no parecer enviado à DGS. Nesse documento fica claro que é necessário aguardar por uma maior e mais robusta evidência científica quanto aos benefícios e efeitos a médio e longo prazo, antes de ser tomada uma decisão de vacinação universal deste grupo etário. É importante sublinhar que o foco deve manter-se nos adultos

O que pedimos é cautela e sensatez na análise, até porque a evidência disponível parece apontar para que ao vacinar adultos, se reduz o risco de exposição de crianças e adolescentes. É este o desígnio do presente: Aproveitar as vacinas disponíveis para completar o processo de vacinação nos adultos e procurar, quanto antes, a tão desejada imunidade de grupo. Quanto à vacinação de crianças sem comorbilidades associadas, vamos dar tempo à ciência. Esperar, neste caso, não significa perder tempo, mas ganhar segurança. 

https://www.sabado.pt/opiniao/convidados/ana-rita-cavaco/detalhe/as-criancas-podem-esperar

 

 

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