Conselho de Enfermagem Regional

Dia Mundial de Prevenção do Suicídio

Falar abertamente sobre Suicídio, sem tabus, vergonha ou medo do estigma, continua a ser um desafio dos nossos dias e basta tomar conhecimento sobre os dados estatísticos desta problemática a nível mundial para compreender que este tem que ser, impreterivelmente, reconhecido como um grave problema da sociedade atual. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que todos os anos 703 000 pessoas tiram a própria vida, o que equivale a, aproximadamente, uma morte a cada 40 segundos. Apesar destes dados serem por si só alarmantes, a situação real revela-se ainda mais preocupante quando se contabilizam os Suicídios tentados, cujo número é cerca de 25 vezes superior. De acordo com os dados divulgados, em 2019, o Suicídio foi a quarta principal causa de morte entre jovens dos 15 aos 29 anos em todo mundo (OMS, 2021). Em Portugal suicidam-se, em média, 3 pessoas por dia.

 

Com o objetivo de prevenir este flagelo mundial e aumentar a consciência pública, a 10 de setembro assinala-se o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, uma iniciativa da OMS, em parceria com a Associação Internacional de Prevenção do Suicídio, que desde 2003 promove atividades de consciencialização sobre o reconhecimento da ideação suicida, fatores de risco e de proteção, medidas preventivas e procura de ajuda adequada e atempada.

 

Contudo, sendo o suicídio um fenómeno multifatorial e extremamente complexo, a sua prevenção não é, de todo, tarefa fácil, exigindo uma intervenção multidisciplinar e multissetorial, não se cingindo exclusivamente à saúde mental. Na verdade, ter diagnóstico de doença mental é apenas um entre vários fatores de risco, como o isolamento, dificuldades financeiras, desemprego, luto, vergonha, histórico de abuso físico ou sexual, doença grave, etc.

 

Apesar de difícil, prevenir é a melhor atitude e o leque de possibilidades é vasto, indo desde a melhoria urgente da acessibilidade a cuidados de saúde mental, passando pela restrição do acesso a meios letais, pela prevenção do consumo excessivo de álcool e drogas e pela promoção do autocuidado, da gestão emocional e da literacia em saúde mental com ações dirigidas à pessoa, à família e à comunidade em geral. Os meios de comunicação têm um papel crucial nesta temática, nomeadamente no combate à desinformação e ao estigma. Não obstante a importância de todas estas medidas, o essencial está em cada um de nós, na nossa capacidade de compreender o outro, de sermos tolerantes com as diferenças e, acima de tudo, de sermos capazes de identificar precocemente o sofrimento emocional que pode levar alguém a perder a esperança e a atentar contra a própria vida como sendo a única saída possível.

 

_{Fonte: Organização Mundial de Saúde (2021). Suicide. https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/suicide}

 

Enfermeira Sara Castro

Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, membro suplente do Conselho de Enfermagem Regional da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros