Pensar Saúde

1 - 7 AGO | Semana Mundial do Aleitamento Materno

  • 01-08-2021

A importância do aleitamento materno em tempos de pandemia

 

A pandemia COVID-19, alterou a forma de vida e do mundo das populações e das pessoas. Surgiu como um dos maiores e mais preocupantes desafios da saúde pública nos nossos tempos. Hoje todos os países correm numa luta contra o tempo, desigual, procurando vacinar em massa e o mais rápido possível a sua população, de modo a prevenir a infeção, reduzir a morbilidade e recuperar o mais rápido a economia.

 

A ciência apostou nos seus investigadores, clínicos e funcionários de saúde pública, colocando em marcha todos os seus conhecimentos especializados, mobilizando e desenvolvendo estratégias de combate á mesma. Todavia, várias questões receberam atenção imediata com o aparecimento do novo coronavírus SARS COV-2, nomeadamente: Qual a possibilidade de transmissão vertical de mães infetadas para os bebés, e qual a sua implicação para as práticas de alimentação infantil e aleitamento materno?

 

A evidência científica descrita até agora, não comprova a possibilidade de transmissão de SRS COV-2 direta de mãe para filho. Os casos reportados de recém-nascidos (RN) com covid-19 são poucos e nestes, a maioria apresenta manifestações leves da doença.

 

Toma particular interesse o papel potencial que a amamentação pode desempenhar na transmissão vertical de Covid-19 das mães para o RN, através do leite materno, os potenciais efeitos protetores dos anticorpos direcionados e de outros componentes imunoprotetores no leite humano contra a covid-19.

 

Existem poucos estudos que relacionam a presença de Covid-19 no leite humano. Embora não tenha sido detetado nenhum RNA viral, os anticorpos de SARS COV foram identificados no leite, em amostras de leite recolhidas á nascença, ou pouco tempo depois. Alguns estudos, de leite de mulheres grávidas infetadas ou expostas ao coronavírus, deram resultado negativo para a presença de vírus mas, resultados positivos para anticorpos específicos de SARS Cov-2 e, nenhum relato de leite humano testado para outros coronavírus humanos.

 

A Academia Americana de Pediatria, considera particularmente importante que, as mães com SARS COV-2, devem ter oportunidade de amamentarem o RN. O leite materno é conhecido pelo seu efeito protetor no RN contra inúmeras doenças e pode ajudar a proteção dos RN contra a infeção pelo Covid- 19, uma vez que, os RN têm um sistema imunitário imaturo e, são mais vulneráveis a fatores como sejam, a má nutrição e doenças infeciosas que originam alta morbimortalidade e afetam o seu desenvolvimento pisco-motor.

 

As recomendações da Central Control Disease (CDC) são de manter o aleitamento materno no RN, mantendo as devidas precauções para evitar o contágio através das gotas nasais ao bebé. Também a OMS (Organização Mundial de Saúde) sugere as mães a amamentarem os seus filhos, devido às baixas taxas de transmissão de vírus respiratórios através do leite humano.

 

Neste sentido, tudo indica que pode haver um efeito protetor da amamentação quando a mãe é positiva para Covid-19porque, a maioria dos estudos não encontraram SARS COV-2 no leite materno mas sim anticorpos contra o vírus.

 

Os estudo mais recentemente disponíveis sobre o risco de transmissão de Covid-19 entre mãe e filho sugerem que a medida de separar as mães positivas dos RN de modo a evitar a amamentação direta, DEVEM SER EVITADAS.

 

Mães infetadas com COvid-19 raramente transmitem o vírus ao RN, por isso medidas básicas de controlo de infeção devem ser cumpridas, seja antes, durante e após o nascimento para protegerem o bebé tais como:

  • Uso de máscara, antes de amamentar ou segurar o bebé;
  • Nos hospitais, os RN de mães positivas para covid-19 podem ficar isolados junto como RN, num quarto privado fornecendo-lhes o material necessário para as normas de higiene, como lavar as mãos e o peito com água e sabão e proteção (uso de máscara), de modo a evitar complicações;
  • O contacto pele a pele após o nascimento, entre mãe e RN é fortemente recomendado, devendo ser providenciado às mães o uso de máscara, a lavagem das mãos.

 

O Risco de transmissão vertical, perinatal e durante o período neonatal de apresentar COVId-19, é ainda pouco conhecido, porém, é essencial realizar práticas clínicas seguras em prol do controlo da infeção na mãe e no RN com riscos associados á transmissão nos primeiros dias de vida.

 

Em conclusão, o Leite Materno, até á data, não é fonte de transmissão nem de infeção para o RN.

 

De modo, a tranquilizar os pais, em particular as mães, o profissional de saúde deve informar, esclarecer e incentivar a amamentação para mães positivas para Covid-19 e, prestar todo o auxílio às mesmas, assegurando o isolamento conjunto nos hospitais, o material necessário para proteção e certificando das regras a cumprir de modo a evitar complicações.

 

Graça Raposo

Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica do Serviço Bloco de Partos do HDES, EPE.

 

CER/ZM/GR/rl