National Care Awards 2017: Uma enfermeira portuguesa num grupo de elite

Pela primeira vez, uma enfermeira portuguesa está nomeada para os National Care Awards 2017, um prémio que celebra os melhores profissionais no sector de cuidados de longa duração do Reino Unido, na categoria de Care Registered Nurse. Aos 32 anos, Sílvia Nunes não esconde o orgulho de ver a sua dedicação reconhecida. “Fico feliz por saber que o meu trabalho realmente tem impacto na vida daqueles que cuido”, diz esta enfermeira de Vila do Conde.

 

Em 2014, Sílvia chegou ao Reino Unido com apenas algumas palavras de inglês na “mala”. Para trás, ficou uma longa carreira nos bombeiros voluntários de Vila do Conde. A vontade de cuidar das pessoas para além da emergência imediata levou a uma mudança profissional e foi através da Enfermagem que encontrou a vocação: ter tempo para fazer a diferença na vida das pessoas.

 

Há um ano, começou a trabalhar no Ford Place Nursing Home Stow Healthcare como enfermeira-chefe. Dedicada aos cuidados de alta qualidade, Sílvia acredita que não há dois residentes iguais. Esse pensamento levou-a a implementar novos conceitos de prestação de cuidados. “A enfermagem é muito mais que fazer pensos ou cuidar de feridas. É falar com as pessoas, é entender as suas necessidades e saber corresponder. É pensar no global, para o bem das pessoas e das suas famílias”, desabafa. “Ser enfermeiro é ter um olhar humano e uma vontade natural de ser um pilar daqueles que precisam de apoio”, conta-nos.

 

Desde que assumiu o cargo de enfermeira-chefe, há 12 meses, os padrões de cuidados de saúde no lar mudaram drasticamente, não só para os moradores mas também para os colegas. “Sabia que tinha de contar com o apoio das equipas de cuidados e fiz questão de conhecer os meus colegas, compreender com quem estava a trabalhar e estar ao lado deles no terreno. Depois, foquei-me nas necessidades diárias dos moradores porque são as pessoas que comandam o que temos de fazer”, confessa.

 

O primeiro passo foi ter especial atenção às necessidades alimentares de cada morador, com planos específicos monitorizados pelas equipas de Enfermagem. A partir daí, as mudanças tiveram efeitos imediatos.

 

À medida que os moradores ganharam peso, tornaram-se mais activos e envolvidos nas actividades do lar, o que melhorou a força muscular e a mobilidade. “Sabiam que eram mudanças importantes na vida das pessoas e tive o apoio de todos, desde os colegas até aos directores do lar. Nunca pensei que os resultados surgissem tão rapidamente”, confessa a enfermeira portuguesa. “Temos menos infecções, a qualidade e tempo médio de vida dos moradores aumentaram, o bem-estar psicológico e emocional também se alterou. Essas mudanças permitiram-nos ampliar o tipo de cuidados que prestamos, o que se traduziu na possibilidade de recebermos pessoas com determinados tipos de doenças, algo que antes não era possível”, assume.

 

 

Para Sílvia Nunes, ser enfermeira num lar implica ter uma mentalidade única. “É importante saber que estamos a proporcionar o melhor conforto antes da morte. Ter essa percepção é essencial para nos tornarmos uma força de conforto para as pessoas e para os familiares porque o nosso trabalho consiste em estar ao lado de todos”, assume.