Vítor Serpa elogia profissionalismo dos Enfermeiros em livro

  • 16-06-2021

 

Nunca tinha estado internado num hospital público e era experiência que não desejava para si nem a ninguém, segundo tinha ouvido dizer. Num dia de Outono no ano passado, em plena pandemia Covid-19, uma simples consulta de rotina transformou-se num longo e isolado internamento no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. É dessa experiência que nasce este livro de Vítor Serpa, jornalista de 69 anos que dedica a obra “aos profissionais de saúde que corajosamente dedicam toda uma vida aos cuidados dos mais frágeis”, em particular aos Enfermeiros pelo seu “elevado profissionalismo”. Num exemplar enviado à OE, Vítor Serpa fez questão de deixar inscrita uma dedicatória de agradecimento a todos os Enfermeiros. 

 

“Cada cidadão português deveria ter, ao menos uma vez na vida, uma experiência destas, sobretudo aqueles que tanto criticam sem saberem o que dizem. A esmagadora maioria das mulheres e dos homens que cuidam de nós em hospitais públicos são disponíveis, sensíveis e competentes. Somei mais pontos de admiração à muita que por eles já tinha. É verdade que existem debilidades estruturais, instalações precárias, défice de pessoal e demoras inaceitáveis, mas isso não é culpa dos profissionais de saúde”, escreve Vítor Serpa no livro, onde descreve os longos dias internado no hospital, rodeado de idosos abandonados, experiência que o chocou e que está na origem do nome escolhido para o livro.

 

 

A obra relata uma dura experiência de vida, contada na primeira pessoa, que põe a descoberto o desconhecido mundo dos doentes em isolamento hospitalar, o drama do sofrimento dos “velhos”, mas também as dificuldades dos profissionais de Saúde.

 

“A grande maioria dos profissionais de saúde, principalmente enfermeiros, tem segundos e terceiros empregos. Soube isso depois. Uma prática infelizmente generalizada para a sobrevivência da espécie”, escreve Vítor Serpa, que descreve vários episódios da sua vida como doente internado, com destaque para o tratamento que recebeu por parte dos Enfermeiros:

“Chamei, enfim, uma Enfermeira para me acudir. Não demorou muito. Era ainda muito jovem e trazia um sorriso que me desculpabilizava o incómodo. Mesmo assim pedi desculpa, mas ela interrompeu-me: ‘É o nosso trabalho, responder seja a que horas for!’”