Ordem preocupada com recrutamento de Enfermeiros portugueses na Europa

  • 30-06-2020

A Ordem dos Enfermeiros está a ser confrontada directamente, e com muita insistência, com pedidos de recrutamento de países estrangeiros (Espanha, Alemanha e Holanda) de Enfermeiros portugueses, numa altura em que a generalidade dos estados europeus está a aumentar a remuneração e a atribuir prémios aos profissionais de Saúde, devido ao seu papel na luta contra a pandemia da Covid-19.  

 

Já em Portugal, apesar de ser unânime o reconhecimento do trabalho dos Enfermeiros no combate à pandemia, continua sem haver mecanismos de fixação destes profissionais no País. Não há qualquer incentivo, subsídios de risco ou penosidade, nem remunerações dignas, e continuam a ser feitos contratos de apenas quatro meses. Só em 2019, mais de quatro mil Enfermeiros solicitaram à Ordem dos Enfermeiros a declaração para efeitos de emigração, um número recorde que triplicou em relação a 2017 e representa um aumento de 64% face a 2018, sendo que neste momento há quase 20 mil Enfermeiros no estrangeiro.

 

Face ao que ainda ontem foi referido pela OMS, que diz que o pior da pandemia ainda está para vir, e face à situação actual no País, com o número de casos a aumentar após um mês de desconfinamento, esta situação de procura dos Enfermeiros portugueses pelos restantes países, onde estes são de facto valorizados, é uma preocupação acrescida para a OE, numa altura em que se preparam para sair das escolas portuguesas perto de três mil novos Enfermeiros.

 

Esta é a altura de o Governo dizer se quer continuar a exportar profissionais altamente diferenciados ou se, pelo contrário, vai seguir o caminho dos restantes países e reconhecê-los, de facto, passando das palavras aos actos.

Se no início da pandemia os países disputavam os equipamentos de protecção individual, a OE teme que essa luta seja agora por Enfermeiros.

 

Neste momento, e face à situação que se vive com a pandemia da Covid-19 no nosso País, a Ordem exige também saber se existe, efectivamente, um aumento da  reserva estratégica de equipamentos de protecção individual (EPI) para prevenir um possível agravamento da situação, tal como foi por nós recomendado.

 

De resto, em Maio, a OE apresentou um documento com medidas a adoptar na fase de desconfinamento, onde propunha, entre outras, a criação de equipas de saúde pública a nível local, envolvendo as juntas de freguesia e os municípios, bem como os centros de Saúde, potenciando o papel dos Enfermeiros especialistas em Saúde Pública da área em que estão integrados no rastreamento dos casos.

 

Por outro lado, a OE recomendou também a integração de Enfermeiros do Trabalho, profissionais qualificados no âmbito da Saúde Ocupacional, nas empresas, que como se vê agora são focos de novos surtos.