Mensagem de Natal

Luís Furtado – Presidente do Conselho Diretivo Regional

  • 15-12-2018


Dirijo-me a todos vós no final deste que é o terceiro ano do mandato 2016-2019, numa época que nos é particularmente cara e na qual, habitualmente, fazemos um balanço do caminho percorrido e perspetivamos o próximo ano.

 

Nos últimos três anos, e na sequência do ato eleitoral que me elegeu, assim como à equipa que me suporta nesta Secção Regional dos Açores, foi trilhada uma trajetória segura de compromisso e defesa dos interesses dos Enfermeiros açorianos. Do sonho nascido no início 2015 e, antes mesmo dela, da aspiração ao mesmo, resultou um projeto sólido, alicerçado em valores humanistas, onde o reconhecimento do exercício profissional do Enfermeiro em contexto insular e arquipelágico tomou forma. Um projeto de proximidade com, e para, os Enfermeiros e os Cidadãos açorianos.

 

É hoje indiscutível o trabalho que foi feito, as vitórias que se conseguiram, mas, e acima de tudo, a forma como os Enfermeiros são visto nesta Região. Nem tudo está feito, e certamente haverá sempre mais e melhor a fazer, mas é com orgulho que afirmo que o muito que foi feito só o foi possível graças à confiança que os Enfermeiros açorianos depositaram em mim e na minha equipa.

 

A descontinuidade geográfica, a identidade e a especificidade própria de cada uma destas nossas nove realidades insulares impõe desafios, mas também oportunidades, que em mais nenhum sítio são colocados. A interioridade não se equipara à insularidade e à descontinuidade territorial, e os desafios traduzem precisamente esta condição. Por este motivo, não me resta qualquer dúvida relativamente à opção de me ter apresentado aos Enfermeiros açorianos com um projeto diferente, um projeto pensado à sua medida, à medida dos desafios que enfrentamos e preparado para uma resposta séria, adequada e ajustada a estes mesmos desafios.

 

Vitorino Nemésio qualifica, se calhar como mais ninguém, esta consciência de ser, de agir, de estar e de sentir intrínseca ao ser-se ilhéu, ao ser-se açoriano, naquilo que definiu como a Açorianidade:

 

[...]Quisera poder enfeixar nesta página emotiva o essencial da minha consciência de ilhéu. Em primeiro lugar o apego à terra, este amor elementar que não conhece razões, mas impulsos; e logo o sentimento de uma herança étnica que se relaciona intimamente com a grandeza do mar [...]

Um espírito nada tradicionalista, mas humaníssimo nas suas contradições, com um temperamento e uma forma literária cépticos [...]

[...]Meio milénio de existência sobre tufos vulcânicos, por baixo de nuvens que são asas e bicharocos que são nuvens, é já uma carga respeitável de tempo - e o tempo é espírito em fieri [...]

[...] Como homens, estamos soldados historicamente ao povo de onde viemos e enraizados pelo habitat a uns montes de lava que soltam da própria entranha uma substância que nos penetra. A geografia, para nós, vale outro tanto como a história, e não é debalde que as nossas recordações escritas inserem uns cinquenta por cento de relatos de sismos e enchentes. Como as sereias temos uma dupla natureza: somos de carne e pedra. Os nossos ossos mergulham no mar [...]

 

NEMÉSIO, Vitorino. "Açorianidade". in: Insula, Número Especial Comemorativo do V Centenário do Descobrimento dos Açores, nº 7-8 (Julho-Agosto), Ponta Delgada, 1932. p. 59.

 

Assim, é com a Açorianidade de Nemésio como pano de fundo relativamente àquilo que é o claro reconhecimento da nossa singularidade, e da resposta concreta aos desafios que se nos apresentam, que continuaremos o nosso trabalho em prol da Enfermagem Açoriana. Um caminho que contará com todos vós e que necessita de todos vós.

 

O próximo ano contemplará um conjunto de iniciativas de particular relevância para a nossa comunidade profissional e civil, neste que é o plano de intervenção na Região Autónoma dos Açores. Continuaremos o percurso de consolidação da nossa posição no seio do sector da saúde na Região Autónoma dos Açores, respondendo afirmativamente aos compromissos que assumimos para com os enfermeiros e para com os cidadãos açorianos.

 

No final de 2019 também a estrutura de regulação irá a eleições. O poder é devolvido aos enfermeiros relativamente à escolha de quem irá conduzir os destinos da sua estrutura de regulação no quadriénio 2020-2023, pelo que aquilo que mais desejo neste processo, é que se discutam efetivamente as ideias e não as pessoas, que se perspetive o crescimento coletivo e não o ataque pessoal. Temos todas as condições para sermos, como já o fomos tantas vezes, um exemplo de democracia participada.

 

Aos Cidadãos açorianos, dizer que podem continuar a contar comigo, e com a minha equipa, na defesa de cuidados de saúde seguros e de qualidade, na defesa de um Serviço Regional de Saúde inclusivo, que confira verdadeira acessibilidade. Um Serviço Regional de Saúde que ainda carece de reformas profundas que lhe confiram a necessária sustentabilidade de longo prazo, e capaz de se apresentar renovado, conferindo uma resposta efetiva aos velhos e aos novos desafios que o sector enfrenta e, certamente, continuará a enfrentar.

 

A todos vós, Enfermeiros e Cidadãos Açorianos, votos de Festas Felizes e de um 2019 repleto de concretizações.

 

Luís Carlos do Rego Furtado

Presidente do Conselho Diretivo Regional

Secção Regional dos Açores

Ordem dos Enfermeiros

 

 

CDR/LF/rcl