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10-10-2022
Conselho de Enfermagem Regional
Dia Mundial da Saúde Mental 2022
Vivemos tempos particularmente desafiantes, carregados de indefinições e incertezas. Os dias, progressivamente mais acelerados impõem um ritmo frenético que nem sempre conseguimos acompanhar e os níveis de exigência são gradualmente mais elevados nas diferentes áreas das nossas vidas. Uma gestão inadequada do stresse, associada a uma maior vulnerabilidade psicológica, entre outros fatores, favorecem o surgimento de doença mental. Segundo os últimos dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde, sobre a saúde mental mundial, quase 1 bilião de pessoas viviam com transtorno mental em 2019 (WHO, 2022). Em Portugal, as perturbações psiquiátricas têm uma prevalência de 22,9%, valor que coloca o país em segundo lugar entre os países europeus (CNS, 2019).
Mente e corpo coexistem e estão totalmente interligados, pelo que se um adoece o outro padece. Porque é crucial uma maior consciencialização que sem saúde mental não há saúde, celebra-se anualmente a 10 de outubro o Dia Mundial da Saúde Mental. Este dia pretende, acima de tudo, sensibilizar para os desafios que persistem ao longo do tempo no combate às doenças do foro mental, nomeadamente ao nível do desinvestimento governamental na saúde mental, do estigma ainda muito enraizado e da acessibilidade desigual a cuidados de saúde especializados.
Urge melhorar a literacia em saúde mental da população no que respeita ao reconhecimento dos sintomas das perturbações mentais, na procura de ajuda profissional, nas opções de tratamento adequado e na redução do estigma e também no domínio da promoção de uma saúde mental positiva. Na era do acesso à informação à distância de um clique, é necessário combater a desinformação e o autodiagnóstico em saúde mental. Demasiada informação mal compreendida ou inapropriada colabora, por um lado, para tratamentos inadequados e, por outro, para a banalização da saúde mental e psicopatologização da normalidade.
Enquanto não houver uma mudança de atitude por parte de todos nós, coletiva e individualmente, estes desafios vão percorrer gerações. Compreender e aceitar que qualquer um de nós pode ter problemas de saúde mental e que esta é fundamental para o nosso bem-estar, é o primeiro passo para que a tão desejada mudança de atitude aconteça. Adotar práticas diárias de autocuidado em saúde mental é crucial para a manutenção de uma boa saúde. Nestas inclui-se a importância do autoconhecimento e de estarmos atentos aos nossos próprios sentimentos, não ignorando quando estamos em sofrimento mental, por vergonha ou medo da discriminação. Por último, mas não menos importante, sejamos capazes de prestar atenção ao sofrimento do outro de forma empática, apoiando-o sem preconceitos e encaminhando-o na procura de ajuda profissional.
Referências bibliográficas:
Conselho Nacional de Saúde (CNS). 2019. Sem mais tempo a perder – Saúde mental em Portugal: um desafio para a próxima década. Lisboa: CNS.
World Health Organization (WHO). 2022. World mental health report: transforming mental health for all. ISBN 978-92-4-004933-8
Enfermeira Sara Castro
Especialista em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, membro suplente do Conselho de Enfermagem Regional da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros
CER/SC/cf