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29-10-2019
BALANÇO DO MANDATO 2016-2019
Uma Aposta Ganha! Há mais Enfermeiros no Serviço Regional de Saúde
A vertente da Dotação Segura de Enfermeiros foi uma das principais preocupações desta Secção Regional durante os anos em que o atual elenco diretivo representou os profissionais açorianos.
Esta é uma matéria sensível e em que é necessário negociar e trabalhar em parceria com as entidades responsáveis pela contratação de enfermeiros na Região Autónoma dos Açores (Governo Regional e Secretaria Regional de Saúde).
O aumento do número de enfermeiros no Serviço Regional de Saúde (SRS), indesmentível e facilmente constatável, (veja-se o valor histórico de 2,8% de desempregados no final de 2018, recentemente revelado na apresentação do Estudo de Empregabilidade levado a cabo por esta Secção Regional) só é possível pela seriedade com que todo este processo foi conduzido pelos dirigentes da Secção Regional dos Açores.
Mas este esteve longe de ter sido um processo fácil. Durante os últimos 4 anos a Secção Regional teve a necessidade clara de tomar uma posição forte, denunciando e alertando para o não cumprimento da Dotação Segura de Enfermeiros no Serviço Regional de Saúde.
Neste bloco, traremos alguns exemplos de declarações públicas da Secção Regional sobre esta matéria.
POSIÇÕES SÉRIAS E MARCANTES
Começamos em outubro de 2017, quando o Presidente do CDR, Enf. Luís Furtado se pronunciou sobre a abertura de um procedimento concursal para a admissão de 15 enfermeiros para a USI São Miguel.
“Este é um primeiro passo, mas não chega. É necessário continuar o esforço de dotação desta unidade de saúde de ilha, particularmente nos centros de saúde periféricos, onde o trabalho extraordinário que pende sobre os enfermeiros é sobre humano”, denunciou.
Na mesma data, Luís Furtado pronunciou-se sobre um outro procedimento concursal para quatro vagas para a USI Santa Maria, referindo que este tratava-se de “um esforço tímido naquela que é a unidade de saúde de ilha com mais falta de enfermeiros. Quatro é insuficiente, quando foram pedidas seis vagas e o défice estrutural é de 63,6%”.
No dia 11 de julho de 2018, em declarações à RTP Açores, Luís Furtado alertava para o facto de que o défice de enfermeiros só iria agravar com a entrada em vigor das 35 horas semanais.
O Presidente do CDR, previa que, só nos três hospitais da região, seria necessário proceder à contratação de 66 novos enfermeiros. Acrescentado a isso os 291 profissionais já em défice no Serviço Regional de Saúde, Luís Furtado defendeu que o processo de contratação de enfermeiros teria de ser urgentemente acelerado.
O Enf. Luís Furtado alertou ainda para o facto de, no Serviço de Urgência do HDES EPER, existirem enfermeiros que contabilizam mais de 1000 horas/mês de trabalho extraordinário.
"Esta situação para além do cansaço que gera nos profissionais envolvidos, tem também um peso nas contas do Hospital e do Serviço Regional de Saúde", denunciou.
(Pode ver aqui esta notícia)
Dois dias depois, a Secção Regional voltava a denunciar, e de novo em declarações prestadas à RTP Açores, que faltavam 291 enfermeiros no SRS.
O Enf. Luís Furtado deu como exemplo o Serviço de Medicina Interna do HDES EPER, onde para 26 utentes existe um rácio de 5 enfermeiros no turno da manhã, 3 à tarde e 2 à noite.
"Há necessidades dos utentes e aumentar os rácios nos serviços de internamento devia ser uma prioridade", defendeu.
Outro dos alertas deixados pelo Presidente do CDR, prendia-se com o facto de a falta de enfermeiros levar a que semanalmente estejam encerradas duas salas de cirurgia no HDES EPER: uma de ambulatório e outra de bloco central.
"Estamos a operar em média menos 7 ou 8 doentes. Nós estamos a encerrar salas porque a equipa está no limite", denunciou.
Luís Furtado criticou ainda a atual gestão dos blocos operatórios, defendendo que o agendamento devia ser feito à semana ao invés de diariamente como acontece atualmente.
(Veja aqui a notícia)
No dia 17 de julho, a Secção Regional confirmou que existem Centros de Saúde em São Miguel com falta de material básico.
A situação noticiada pela RTP Açores, mereceu críticas por parte do Presidente do Conselho Diretivo Regional. "Faltam resguardos, pensos e os sistemas de soro são contados (…) E quando estamos a falar de falta de papel higiénico alguma coisa não vai nada bem", afirmou Luís Furtado. Perante esta situação de escassez o responsável açoriano, apelou para que se resolvam prontamente os problemas detetados. "Esperamos que se tomem as medidas necessárias com vista a que esta situação não se perpetue e que seja prontamente corrigida".
O Enf. Luís Furtado alertava também para os constrangimentos que a falta de material traz para as populações e para os enfermeiros. "Colocar um profissional de saúde entre decidir por uma situação ideal e uma solução que está longe de ser ótima, cria um conflito para ele próprio ao qual não deve estar sujeito", realçou o Presidente do CDR.
(Ver notícia aqui)
Terminamos esta “viagem” no dia 29 de outubro de 2018, quando a Secção Regional comentou o anúncio do Presidente do Governo Regional dos Açores, proferido no âmbito das Jornadas Parlamentares do PS Açores, de que até ao final de 2018 seriam contratados 140 profissionais de saúde para os Hospitais da Região.
O anúncio destas contratações, nas quais se incluíam aproximadamente 80 enfermeiros, foi recebido com satisfação. "Esta é uma importante notícia para todo o setor da saúde na Região. Trata-se da maior contratação de enfermeiros, de uma só vez, nos últimos quatro anos, sendo justo reconhecer o esforço do executivo açoriano com este anúncio. Esta contratação ao nível dos três hospitais da Região permitirá, por um lado, atenuar os défices estruturais existentes e, por outro, permitir o ingresso na carreira a um importante número de enfermeiros", referiu Luís Furtado.
Ainda segundo o Presidente do Conselho Diretivo Regional (CDR), as contratações anunciadas faziam parte de uma das reivindicações mais importantes e antigas da Secção Regional. "Desde há vários anos a esta parte que temos insistido junto da tutela para o necessário cumprimento dos requisitos da dotação segura de enfermeiros nas várias instituições e assim, assegurar que os nossos cidadãos teriam acesso às melhores condições de saúde possíveis, naquilo que aos cuidados de Enfermagem diz respeito. Nem tudo está resolvido, mas estas contratações constituem-se claramente como um grande passo dado nesse sentido", afirmou.
Luís Furtado reiterou também à vontade e disponibilidade da Secção Regional em continuar a trabalhar conjuntamente com o Governo na resolução dos problemas ligados ao setor. "Este é um claro exemplo de que se trabalharmos juntos, alcançamos mais facilmente os resultados que todos pretendemos. Lembro que, em 2015, assinamos com a Secretaria Regional da Saúde um Acordo de Cooperação relativo à Dotação Segura de Enfermeiros nos Açores. Esse acordo permitiu que se fizesse um levantamento exaustivo e que se passasse efetivamente a conhecer as reais necessidades das nossas instituições", garantiu o Presidente do CDR.
SATISFAÇÃO E OLHAR O FUTURO
Apesar do aumento generalizado do número de enfermeiros a trabalhar atualmente no Serviço Regional de Saúde é preciso não descurar o futuro. É indispensável ter a noção clara de que nem tudo está feito em matéria de Dotação Segura de Enfermeiros nos Açores. Continuam a existir, principalmente nas USI das ilhas com menor dimensão, situações preocupantes e de difícil resolução, sendo urgente criar condições laborais e de acesso à formação para os enfermeiros que lá exercem.
Esta equipa diretiva saí de funções tendo noção destas questões, sabendo, porém, que, em 2019, a situação relativa ao número de enfermeiros no SRS é claramente melhor do que aquela que se verificava há 4 anos atrás.
CDR/LF/LL/rcl