Dia Internacional do Enfermeiro

12 MAI | Importa também cuidar dos que cuidam!

  • 12-05-2020

 

No início de 2019, a Organização Mundial da Saúde anunciou que 2020 seria o Ano Internacional dos Enfermeiros. Estaria, com certeza, longe de prever todos os acontecimentos a nível da saúde pública que estão a caracterizar este ano a nível mundial. Ao mesmo tempo, não deixa de ser curioso, no Ano Internacional dos Enfermeiros, o enorme desafio que lhes é colocado pela frente: o combate a uma pandemia.

 

A 12 de Maio celebra-se o Dia Internacional do Enfermeiro, uma data que se revela duplamente importante, quer para uma tomada de consciência da atual situação da profissão, como para o reconhecimento da necessidade emergente de uma maior valorização profissional. Recordemos que, ainda não há muito tempo, os Enfermeiros utilizavam um dos últimos recursos que a democracia permite ao trabalhador, a greve, para mostrarem os graves problemas por que passa a saúde em Portugal, e especificamente a profissão de Enfermagem. O desinteresse e desinvestimento nestes profissionais, nomeadamente nas condições de segurança no seu dia-a-dia, nos equipamentos de trabalho, no seu reposicionamento a nível de carreira com um real reconhecimento remuneratório, têm repercussões na vida dos mesmos, na vida de todos nós. Um sistema de saúde saudável é uma comunidade com todo o apoio célere e eficaz, no que à sua saúde diz respeito.

 

Hoje, passado pouco tempo, aqueles de memória curta, os mesmos que criticavam veemente os Enfermeiros e a sua justa chamada de atenção, são os mesmos que batem palmas e se sentem muito emocionados com a resposta que esta classe profissional deu, colocando-se na única linha que separa o Covid-19 das populações; um exemplo de responsabilidade, sentido de dever, civismo, entrega, esforço e solidariedade.

 

Usemos este dia para refletir na necessidade de cuidarmos de quem cuida. Vejamos, por exemplo, o estudo que está a ser desenvolvido pelo Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde – CINTESIS sobre os efeitos da pandemia na saúde mental dos Enfermeiros, onde detetaram um aumento em 40% nos níveis de ansiedade, o medo de infetar a família, o dormir mal, e todas as sequelas físicas advindas do uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) por longas horas. Mesmo assim, os Enfermeiros disseram que estão presentes como sempre, para cuidar das nossas populações.

 

Participaram, desde o primeiro minuto, no combate a este flagelo que é o Covid-19, em todas as etapas essenciais preconizadas, nomeadamente no atendimento telefónico nas linhas de saúde, na colheita de amostras para os testes, no transporte de utentes, na prestação direta de cuidados nas unidades de internamento e tratamento, e em todo o apoio comunitário, não esquecendo nunca os utentes denominados não Covid-19, ou seja, toda a nossa população não infetada.

 

Este período está a recordar-nos o quão vulneráveis somos, o quão ligados estamos e o quão dependentes somos uns dos outros. Está a demonstrar-nos, igualmente, as necessidades do nosso sistema de saúde, nomeadamente no que se refere ao número de enfermeiros nas Instituições e reabilitação dos equipamentos; os serviços não se fazem só com ventiladores.

 

O retorno será progressivo e gradual. O caminho que irá conduzir-nos ao novo normal apresenta-se estreito, sinuoso e pejado de perigos, por isso é normal que tenhamos medo e hesitemos nos passos a dar. No entanto, inclusive nesta fase, os Enfermeiros terão um papel fulcral nesta adaptação, num amplo trabalho de saúde comunitária, que desde sempre vem sendo feito junto das comunidades.

 

Aos colegas Enfermeiros, tenho a certeza que a sociedade Açoriana saberá dar valor e distinguir quem, de forma profissional, colocando de lado toda a atividade e vida pessoal, se disponibilizou muitas das vezes, para lá do seu horário normal de trabalho, para cuidar do próximo, dos que necessitam, mesmo colocando em risco a nossa saúde e a da nossa família; assim como saberá distinguir todos aqueles que nada fizeram para o bem comum, confundindo a luta interesseira em tempos normais, com a necessidade de participação desapegada nestes tempos anormais porque passamos.

 

É fundamental uma união franca e forte dos enfermeiros enquanto classe, lembrando sempre que ninguém está sozinho. Têm o apoio incondicional da Ordem dos Enfermeiros e da sua Secção Regional dos Açores.

 

Hoje, tomemos consciência do profissionalismo dos Enfermeiros Açorianos, da entrega, coragem e sacrifício pessoal. São e serão um exemplo inesquecível na vida das comunidades do nosso Arquipélago.

 

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Leia, ouça e reveja também as intervenções da SRRAA na data:

 

Entrevista ao Açoriano Oriental

Entrevista ao Diário dos Açores

Entrevista ao Jornal da Manhã da Antena1 Açores

Entrevista ao Telejornal Açores da RTP Açores

Artigo no JornalAçores9

 

 

 

 

 

 

 

 

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