Enfermeiros em vigilância activa

  • 19-05-2020

Mais de 400 Enfermeiros sem sintomatologia que estiveram em contacto directo com doentes Covid-19 estão neste momento em vigilância activa, ou seja em isolamento e afastados de funções, sem a realização de teste.

 

De acordo com os últimos dados do inquérito realizado pela Ordem dos Enfermeiros para conhecer a situação real no terreno, 464 Enfermeiros sem sintomatologia estão em isolamento sem a realização de teste, o que corresponde a 74% do total de Enfermeiros que tiveram exposição de alto risco com doentes infectados, em vigilância activa, pois há outros 164 a aguardar teste ou resultado.

 

Estes números vêm, mais uma vez, corroborar aquilo que tem sido denunciado pela OE relativamente à testagem dos profissionais de Saúde: nem todos os profissionais de Saúde que tiveram contacto de alto risco de exposição com doentes Covid-19 foram testados, designadamente os profissionais sem sintomatologia.

 

O inquérito realizado pela OE, ao qual responderam mais de 25 mil Enfermeiros desde 7 de Abril, mostra que, pelo menos, 751 Enfermeiros foram infectados e 189 estão curados.

 

No entanto, além dos profissionais em vigilância activa, há actualmente 2721 em vigilância passiva, na sequência de contactos indirectos, dos quais 2332 em exercício de funções sem a realização de teste.

 

Recorde-se que a orientação 13/2020 da DGS, onde constam os procedimentos a adoptar pelas instituições relativamente aos profissionais de Saúde expostos à Covid-19, só prevê a realização de teste aos profissionais que desenvolvam sintomas, ao contrário do que tem sido defendido pela OE.

 

Por outro lado, o rastreio sorológico desenvolvido pela Fundação Champalimaud, ao qual a OE se associou, revelou que o número de Enfermeiros e Assistentes Operacionais que foram infectados com Covid-19 pode ser 10 vezes superior aos casos identificados, de acordo com a amostra dos dois maiores centros hospitalares do País onde este projecto foi implementado.

 

“É necessário alterar a orientação da testagem aos profissionais de Saúde, sobretudo nesta fase de retoma assistencial das unidades de Saúde, tal como a OE defende no plano apresentado ao Ministério da Saúde, ou corremos o risco de ter Enfermeiros infectados mas sem sintomas a prestar cuidados de Saúde”, reforça o vice-presidente da OE, Luís Barreira.