Filhos dos enfermeiros precisam de protecção

  • 19-03-2020

A Ordem dos Enfermeiros escreveu à ministra da Saúde, manifestando perplexidade com as medidas enunciadas no despacho 3301/2020, de 15 de Março, relativo à colocação de filhos de profissionais de saúde em estabelecimentos de ensino que não se encontram preparados para os receber.

 

Desde a publicação do despacho, há apenas três dias, a OE recebeu centenas de e-mails que relatam uma situação de medo, preocupação e injustiça entre os profissionais de Saúde.

 

Espera-se que mães e pais deixem os seus filhos menores, alguns com poucos meses de vida, em estabelecimentos de ensino completamente desconhecidos, sujeitos ao contacto com outras crianças numa altura em que se exige distanciamento?

 

Não obstante o espírito de colaboração e cooperação que se exige neste momento, a OE não pode deixar de manifestar a sua discordância com esta situação, alertando para uma questão que coloca em risco os filhos dos profissionais de saúde e, por conseguinte, os próprios profissionais, numa altura em que estes se encontram na linha da frente.

 

De sublinhar que estes estabelecimentos não possuem nenhuma das condições legalmente exigidas para receber menores das idades referidas, designadamente equipamentos de protecção individual , sem profissionais habilitados e com horários de funcionamento incompatíveis com os turnos dos profissionais de saúde, não cumprindo, assim, as condições de segurança legalmente exigidas para estes espaços, sendo susceptíveis de aumentar o perigo de contágio pelo COVID-19.

 

Importa ainda denunciar o facto de algumas unidades de saúde estarem a impedir os pais de gozarem períodos alternados de assistência, ainda que se verifique a inexistência de solução que garanta a segurança dos seus filhos menores.

 

Face a esta situação, que está a revoltar os Enfermeiros, a OE solicita ao Ministério da Saúde que clarifique, com urgência, as medidas do referido despacho, bem como a adopção de medidas alternativas, de forma a proteger os filhos dos profissionais de saúde e pondo um ponto final no clima de medo e insegurança, de todo dispensável nesta altura.