Grupo de trabalho analisa estruturas residenciais para idosos

  • 02-05-2019

A Secção Regional Sul (SRSul) da Ordem dos Enfermeiros mantém-se atenta aos cuidados de saúde prestados aos Idosos residentes em Lares, designadamente no que toca ao exercício clínico da Enfermagem. Várias instituições com Estruturas Residenciais para a Pessoa Idosa (ERPI) foram já visitadas pelo grupo de intervenção da SRSul, coordenado pelas Enfermeiras Lúcia Matias e Vanda Veiga em articulação permanente com o Enfermeiro Marco Pinto, Vogal do Conselho de Enfermagem Regional. O objectivo é observar o modo como se processa e organiza o trabalho dos Enfermeiros para uma maior segurança dos cuidados prestados.

 

Foram já visitados, entre outros, Lares da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, da Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra, da Casa de Repouso da Enfermagem Portuguesa, da Associação de Beneficência de Alverca e da Santa Casa da Misericórdia de Coruche.

 

As visitas são, em geral, agendadas com antecedência. Mas, notam-se, por vezes, alguns constrangimentos por parte das instituições. Questionam, nomeadamente, a legitimidade da Ordem em realizar as visitas para analisar o exercício da enfermagem. Segundo a Enfermeira Lúcia Matias, as questões levantam-se também devido ao receio de que sejam detetadas irregularidades. Porém, conforme explicou, “as instituições concluem que essas irregularidades, quando existem, devem-se, em grande medida, a um desconhecimento do potencial das competências do Enfermeiro, nomeadamente das funções essenciais que lhe devem ser atribuídas em exclusivo, quer ao nível da execução quer ao nível da concepção”. De facto, prosseguiu, “a nossa visita constitui-se igualmente para sensibilizar e promover construtivamente a mudança".

 

Conforme explicou, pode acontecer, e, às vezes, acontece, um subaproveitamento do que o Enfermeiro pode realizar em tempo e em qualidade. Porque, não raras vezes, os ajudantes de lar, a mando dos responsáveis, assumem funções que são próprias do profissional de saúde e realizam-nas sem nenhuma supervisão. A SRSul tem, nestes casos, uma intervenção mais rigorosa e, ao mesmo tempo, pedagógica.

 

É importante, frisou, alertar para aspectos que revelam graves lacunas, como, por exemplo, a falta de Enfermeiros e o tempo de cuidado com qualidade. Por outro lado, chama-se também à atenção para a necessidade de se caracterizar os residentes de forma a planear-se o trabalho de acordo com a realidade da ERPI. “Pretende-se que o processo de Enfermagem seja previsto com todas as etapas necessárias que permitam ao residente usufruir dos cuidados com rigor e qualidade ao nível da prevenção e recuperação”, disse, acrescentado: “A necessidade de se não descurar os cuidados advém, sobretudo, das vicissitudes associadas às comorbilidades inerentes à idade avançada dos residentes”.

 

Concomitante a tudo isto, o grupo pretende que seja dignificada a missão própria do Enfermeiro. “É um profissional que necessita de voz e de expressão nestas Estruturas”, defendeu a Enfermeira Lúcia Matias. Ou seja, há a necessidade de se dar mais relevo aos Enfermeiros, assegurando dotações seguras, e dissociar da sua imagem uma amplitude de custos. “Na realidade, uma boa noção da organização e do potencial dos cuidados de Enfermagem numa ERPI promove uma melhoria a vários níveis, podendo influenciar no potencial de autonomia e de bem estar da população que servem”. E, complementarmente, adiantou, “perceber que os bons resultados obtidos pelas Estruturas compensam o investimento na organização e nos cuidados”.

 

Este grupo coordenado pela Enfermeira Lúcia Matias e Vanda Veiga vai continuar a sua missão. E, para Sérgio Branco, presidente da SRSul, não há dúvida. “Vamos continuar a apoiar este grupo de trabalho para que as ERPI, em geral, apostem seriamente na organização dos cuidados de Enfermagem para, assim, se afirmarem uma referência de promoção da dignidade humana”.