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05-05-2023
Enfermeiros muito sensibilizados para a higiene das mãos
Decorria o século XIX quando Florence Nightingale influenciou toda a enfermagem. Um dos pontos que marca a história foi a implementação de regras de higiene das mãos (e não só) no tratamento dos feridos na Guerra da Crimeia. Desde então que este simples acto é visto como indispensável, mas nem sempre cumprido como seria o ideal. A pandemia trouxe maior percepção a nível geral, mas nem sempre os maiores cuidados de então se mantêm.
O Dia Mundial da Higiene das Mãos, que esta sexta-feira 5 de Maio, se assinala, ganhou outra notoriedade com a consciência que se ganhou de como é essencial a lavagem das mãos, à boleia dos conselhos durante a pandemia. Mas claro que, quando se fala da área da saúde, essa importância aumenta exponencialmente.
"Da minha perspectiva, a verdade é que mudou muita coisa em termos de higiene das mãos, também pela introdução da SABA (Solução Antisséptica Base Alcoólica) que permite aos profissionais ter uma forma muito rápida e sempre disponível de proceder à higiene das mãos", salienta Alexandre Lomba, enfermeiro especialista em enfermagem médico-cirúrgica.
No entanto, não esconde que se na enfermagem a sensibilidade é muito grande, enquanto noutras classes profissionais nem sempre é igual, mas com sinais de que se está cada vez melhor.
A importância do SABA
Até à introdução da SABA, a disponibilidade das infraestruturas era uma questão mais premente, principalmente por muito hospitais, por exemplo, terem estruturas antigas, o que prejudica a colocação de mais lavatórios. "Isso dificultava um pouco a higiene das mãos entre doentes e até antes de abordar o doente", refere.
Com a SABA muito mudou. Actualmente, a nível hospitalar, há um doseador de SABA por cama e Alexandre Lomba frisa como há "o cuidado de ir alertando os familiares dos doentes e os outros profissionais, que ele é efectivamente para usar".
E será que a covid-19 mudou definitivamente os hábitos? "Pensámos que a covid-19 seria um momento de reflexão para todos, leigos e profissionais, mas a verdade é que passou a questão da covid-19 e voltámos todos a um ponto que não queríamos regressar", lamenta.
Contudo, considera que se aprendeu muito e que é um trabalho contínuo a sensibilização para as boas práticas de higiene das mãos. "Hoje há enfermeiros a dar formação a cirurgiões sobre a lavagem das mãos, algo impensável há dez anos. Já temos também uma nova geração de médicos e cirurgiões a chegarem aos hospitais mais sensibilizados para estas questões e que são também sensibilizados por nós", afirma.
Fora da área da saúde, Alexandre Lomba realça: "Nós vemos que, mesmo em termos culturais, é uma questão que é transversal à sociedade. Há pouco cuidado com a higiene das mãos. As pessoas não se levantam para ir lavar as mãos antes de ir comer, por exemplo, ou a quantidade de pessoas que lava as mãos depois de ir à casa-de-banho. Em contextos sociais não se vê esse cuidado na população, apesar da sensibilização a nível de cuidados de saúde, nem sempre conseguimos chegar lá. Até porque às vezes parece que estamos a falar de contextos abstractos, quando na verdade é uma coisa muito simples."
O gesto que pode salvar vidas
Em 2009, a Organização Mundial da Saúde lançou uma campanha precisamente centrada na higiene das mãos, intitulada "Save Lives-Clean Your Hands" (Salva Vidas - Lava as tuas Mãos). E não é um exagero dizer que o simples gesto pode salvar vidas.
Apesar do trabalho de sensibilização ter de continuar, Alexandre Lomba considera então que se está num bom caminho, recordando que se dentro do contexto da saúde é preciso uma exigência que vai além da utilização da água e sabão, já fora, noutras áreas profissionais, é mais do que suficiente para garantir boas práticas. A higiene das mãos deve ser uma preocupação de todos, mesmo que o foco esteja mais quando se fala de profissionais de saúde.
"Ou estamos todos em uníssono, ou não estamos. Não vale a pena só metade estar", realça.