A festa foi bonita

  • 24-05-2019

12 de Maio, foi dia de os Enfermeiros voltarem o olharem para si mesmos e pensarem que é também necessário cuidar de quem cuida. Em ambiente de convívio, bem no centro de Lisboa, numa tarde de calor, de muito calor, a SRSul da Ordem dos Enfermeiros prestou homenagem à sua Bastonária, Ana Rita Cavaco, e a outros colegas que se têm destacado pelo espírito de entrega com que sempre assumem a profissão. Veja as fotos aqui.

 

Em termos de qualificação e valorização profissional, é inquestionável a visão, o empenho e o rumo empreendidos pela Bastonária. O que irá marcar a passagem da Ana Rita Cavaco pela Ordem dos Enfermeiros será também o seu contributo, fundamental, para a construção de uma nova identidade do Enfermeiro. Identidade que se manifesta numa nova forma de assunção de classe profissional. Classe profissional cheia, completa, respeitada, admirada, com personalidade. Foi Ana Rita quem ensinou que o medo faz mal à saúde… e que a valorização e dignificação profissionais são as melhores armas de combate… A consciência de classe profissional formada nestes últimos anos tornou-se mais sólida, mais clara, mais forte. Por isso, os Enfermeiros não só se orgulham do que fazem - e o que fazem é muito digno e muito respeitado -, mas também se orgulham do que são. Porque são uma classe profissional com identidade e uma identidade forte - assumida sobretudo agora ao navegar na embarcação pilotada por Ana Rita Cavaco.

 

Muito aplaudida foi também a professora Ana Paula Nunes ao ser distinguida na área da docência. É coordenadora do Centro de Bioética e Presidente da Comissão de Ética da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa. Foi reconhecida a sua sapiência, e também o modo como transmite os valores da vida e da enfermagem aos seus alunos.

Kalil, Gibran, grande poeta e pintor libanês, disse: “Nenhum homem vos pode revelar nada que não repouse já meio adormecido na manhã do vosso conhecimento”…

De facto, para os grandes Mestres a casa da sabedoria está em cada um que se disponibiliza para carregar as asas do saber… 

E os grandes Mestres não emprestam asas a quem quer conhecer…os grandes Mestres ajudam os aprendizes a ter as suas próprias asas… para que empreendam os seus próprios voos, escolham os seus próprios céus e façam os seus próprios ninhos…

 

Por isso a SRSul quis distinguir este ano a professora Ana Paula Nunes…  nunca quis que alguém voasse com as asas que são dela… preferiu sempre fazer nascer asas  nos seus alunos; nunca quis formar papagaios, mas antes seres autónomos e livres capazes de criar o seu próprio pensamento; nunca quis formar enfermeiros, mas sim Pessoas para exercerem a Enfermagem… crendo que a humanização da saúde começa no interior de cada um… A professora Ana Paula Nunes representa toda esta nova identidade que agora distingue os Enfermeiros. Alguém que é pessoal e tecnicamente bem formado, dotado de um profundo juízo crítico, intelectualmente superior e, sobretudo, com a noção clara do alcance ético da sua acção… 

Naquela tarde de 12 de Maio, foram igualmente distinguidas as Enfermeiras do IPO de Lisboa, Dora Franco e Helena Vicente, pelo seu trabalho na consulta multidisciplinar de estudo e tratamento de feridas. Distinguidas pelo Exercício Clínico e também pelo humanismo impregnado na acção de todos os dias.

 

A investigação cresce no âmbito da profissão e tornou-se factor de acreditação e de especialização, ao ponto de hoje já ninguém questionar o lugar diferenciado da Enfermagem nas sociedades mais evoluídas. Nesta área foi distinguida a Enfermeira Ana João que naquela tarde de calor humano transmitiu a todos os presentes a emoção com que recebeu o reconhecimento prestado.

Emocionante foi também a homenagem ao Enfermeiro José Carlos Guerrinha, pela sua vida profissional, e também pelo seu percurso na área da gestão. O apelo do Enfermeiro Guerrinha, ao agradecer o reconhecimento, foi claro: É preciso que os enfermeiros falem de igual para igual com outros profissionais da saúde, mas com a noção clara de que sabem o que estão a dizer e a fazer. Ou seja, só devem assumir as responsabilidades se estiverem preparados, e bem preparados. Palavras sábias que foram muito aplaudidas…

 

Prémio Mariana Diniz de Sousa

Naquela tarde foram também galardoados os que concorreram ao Prémio Mariana Diniz de Sousa. O sentido último  da promoção e organização deste Prémio, inspirado na pessoa da sua patrona Mariana Diniz de Sousa, não se esgota naquele que é o seu objectivo principal como seja o de valorizar a investigação com vista ao desenvolvimento  e valorização da profissão e à melhoria dos cuidados prestados às pessoas, famílias e grupos. O sentido deste prémio vai mais além. Ele pretende também contribuir para o solidificar desta nova identidade de Enfermeiro que se tem vindo a erguer nestes últimos anos… Se as boas práticas, a atenção, o carinho são pilares, a investigação é alicerce desse edifício. Porque a investigação não só enobrece o presente como coloca em diálogo o passado e o futuro… A investigação obriga-nos a manter o olhar sempre voltado para o amanhã… O sentido mais profundo deste Prémio é pois este: pensar a Enfermagem sempre no futuro aproveitando o caminho já percorrido… E se continuarmos a apostar neste alicerce, nunca envelheceremos. A investigação é o cogumelo do tempo…

 

Orçamento Participativo

Se o Prémio Mariana Diniz de Sousa tem o sentido último de empurrar a enfermagem para o amanhã, o sentido último da iniciativa chamada “Orçamento Participativo”, para financiamento de projectos de enfermagem, tem o sentido último de aproximar mais, entre si, os enfermeiros da Secção Regional Sul. Foram distinguidos 11 projectos. O montante monetário que receberam não é elevado, mas o seu alcance simbólico é inexcedível. Quase todos os autores dos projectos estiveram presentes. O convívio, apesar do calor, foi muito sentido…

É este sinal de solidariedade, de comunhão, de interacção que se desejou sublinhar naquela tarde de 12 de Maio, Dia Internacional do Enfermeiro.