Orgulho!

  • 11-05-2022

Caros Colegas e Amigos

 

Hoje é o nosso dia, o Dia Internacional do Enfermeiro. É com muito orgulho que o celebramos!

 

Evocamos esta efeméride ainda abalados pelo estudo académico apresentado dia 7, em Braga, durante o Congresso dos Enfermeiros, em que nos foi mostrado um cenário da nossa profissão verdadeiramente dramático. É deplorável, de facto, que uma actividade como a nossa - tão nobre, com tão elevada envolvência humana, tão centrada na dignidade da pessoa, tão voltada para a Vida, desde a conceção até à morte, seja descrita, por nós próprios, como se de um pesado fardo se tratasse, quando o contrário é que teria todo o sentido: ser descrita como fonte de realização plena - pessoal e profissionalmente.

 

Quando se conclui que mais de 60% dos enfermeiros já pensaram abandonar a profissão por se sentirem completamente desmoralizados com as suas condições de trabalho; ou que 76% dos inquiridos dizem sentir falta de mais intervalos; ou que 71% não conseguem descansar efetivamente nas folgas; e que um número importante de inquiridos (7.387) não goza sete dias seguidos de férias há mais de 350 dias.  Quando 67% dos enfermeiros dizem enjeitar a sua profissão para um filho ou filha; e que metade desaconselharia a vida de enfermeiro a um amigo; quando 66% não consideram a sua remuneração aceitável; quando 60% dos enfermeiros para sobreviver aos baixos salários têm que fazer horas extraordinárias permanentemente; ou quando 31% consideram ter sofrido de assédio moral...

 

Este Estudo Nacional sobre as Condições de Vida e de Trabalho dos Enfermeiros em Portugal, revelado há menos de uma semana, é uma não celebração. É a evidência científica do que íamos denunciando, mas que, por vezes, nem nós próprios acreditávamos. É um pesadelo a meio de um sonho encantado para o resto da vida.

 

Mas, o Dia Internacional do Enfermeiro tem de ser festejado. Nós merecemos! Desde há dois anos que a vida de cada um de nós é um combate contra uma pandemia assustadora e ao qual ninguém virou as costas. Independentemente de pesadas condições de trabalho, todos demos o melhor de nós e o melhor que há em nós em prol dos outros. Permanecemos na linha da frente na defesa da vida. Foi o que nos calhou, a dor de participar, mas também a boa consciência de termos participado. Nestes dois anos, fazendo jus à nossa identidade, demonstramos a excelência do nosso exercício profissional e o espírito de missão com que encaramos o nosso juramento. Orgulhámo-nos muito do nosso jeito de ser e de cuidar. Orgulhamo-nos de ser Enfermeiros.

 

Há um Estudo que nos revela desencantados, mas há toda uma realidade que demonstra o encanto e a magia com que nos assumimos. Por isso, vamos aguardar o próximo Estudo confiantes de que vencerá a verdade do que somos.

 

Sabemos que nenhum sistema de saúde se erguerá sem a nossa presença, mas não é a nossa imprescindibilidade que queremos ver reconhecida e aplaudida. Ao celebrarmos o Dia Internacional do Enfermeiro, queremos que se valorize a dignidade e se combata a indignidade.

 

Obrigado pelos que sois e pelo que dais diariamente a um país que ainda tem tanto por fazer para merecer os Enfermeiros que tem. Digo-o com uma convicção cada vez mais profunda: é um orgulho ser Enfermeiro ao vosso lado!

 

Para todos um Dia muito feliz e sempre encantados pelo que somos.

Obrigado e um grande abraço

 

Enfermeiro Sérgio Branco

Presidente do conselho directivo da secção regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros