Aplauso à Comissão de Atribuição de Título de Enfermeiro

  • 12-08-2020

A Comissão de Atribuição de Títulos (CAT) da Ordem dos Enfermeiros trabalha ininterruptamente, mas no final de cada ano lectivo a pressão cresce com a chegada de novos enfermeiros ao mundo laboral. A sua missão é analisar os pedidos de inscrição na Ordem com vista à atribuição de título de Enfermeiro, além de titular também os especialistas e reconhecer os títulos de formação obtidos no estrangeiro. Este ano, a pressão sobre a CAT excedeu todas as expectativas devido à pandemia. Mas, ninguém baixou os braços e os títulos de Enfermeiro estão a ser atribuídos em tempo recorde. O Conselho Directivo da SRSul, reunido a 5 de Agosto, aprovou por unanimidade um voto de louvor a este Órgão na pessoa da sua presidente, a enfermeira Clara Ribeiro, por todo o empenho em prol dos Enfermeiros e da Enfermagem.

 

Neste fim de ano lectivo, marcado pelo contexto epidemiológico, são muitas as instituições constrangidas na sua capacidade de trabalho. Todo o sistema de saúde e de segurança social, incluindo as entidades privadas e do sector social, acusou o impacto da doença causada pela covid-19. Por outro lado, a realidade acabou por demonstrar que muitos dos serviços de ambos os sistemas laboravam com um reduzido número de profissionais, nomeadamente de enfermeiros. Uns porque nunca respeitaram os rácios previstos na lei, outros porque os profissionais mais dedicados iam acusando o desgaste físico e emocional, sendo também vítimas de contágio da própria covid-19. As baixas continuam incessantemente crescentes.

 

Neste sentido, as instituições com os recursos humanos depauperados passaram a aguardar ansiosamente a atribuição de título de Enfermeiro aos novos licenciados. A realidade impunha que novos e “frescos” profissionais integrassem rapidamente os postos vagos pelo cansaço e pela doença. Conforme escreveu a bastonária Ana Rita Cavaco, “a carência de profissionais é tal que as Administrações Regionais de Saúde passaram a publicar anúncios de contratação em jornais diários”. E sublinhou: “Nada feito: não há enfermeiros disponíveis e aqueles que vão sair das escolas não chegam para as encomendas”.

 

Neste final de ano lectivo havia um outro dado a dificultar a entrada no mercado de trabalho. Acontece que normalmente as candidaturas à atribuição do título de Enfermeiro começam a chegar à OE a partir de 1 de Julho. Este ano, porém, o número maior de candidaturas surgiu no final daquele mesmo mês. O cenário teria sido pior não fora a iniciativa inédita, impulsionada pela realidade, protagonizada pelas próprias secções regionais: os responsáveis deslocaram-se às escolas para aí recolherem os documentos de candidatura, apressando, assim, todo o processo e evitando a deslocação e a aglomeração de candidatos nos seus espaços administrativos.    

 

A CAT enfrentou, assim, um enorme desafio: possibilitar que novos enfermeiros entrassem rapidamente na profissão, pois esta era também a principal aspiração de todos os recém-licenciados, satisfazendo, ao mesmo tempo, as expectativas das instituições carentes de mão-de-obra. Ensejo este facilitado pela qualidade do ensino da Enfermagem em Portugal. Na verdade, todos os profissionais recém-licenciados ficam altamente capacitados para integrar qualquer serviço de cuidados de saúde primários, hospitalares, cuidados continuados ou lares.

 

Foi este contexto de alta tensão que a CAT enfrentou este ano. A equipa é composta por 14 elementos e presidida pela enfermeira Clara Ribeiro, de 64 anos, aposentada da prática da enfermagem clínica, mas sempre ao serviço dos Enfermeiros. Por se tratar de um órgão estatutário não eleito, Clara Ribeiro foi nomeada pelo Conselho Directivo da Ordem dos Enfermeiros para dinamizar uma equipa que presta à profissão um serviço essencial.

 

Neste contexto pandémico seria compreensível o alargamento do período mediado entre a apresentação da candidatura e a atribuição do título. Mas, não! Pelo contrário. Conforme nos explicou a Presidente, toda a equipa se envolveu para que entrasse “sangue novo” na profissão o mais rapidamente possível pelas razões já aduzidas. A análise de alguns processos demorou entre cinco a seis horas, um recorde. Mas, tudo isto porque as pessoas se empenharam e abdicaram de muitas horas merecidas de descanso. Tenha-se em conta que só três escolas – ESEL, ESEP e ESEC – são responsáveis pela apresentação, quase em simultâneo, de mais de 900 candidaturas ao título de Enfermeiro. Mas, no máximo de 48 horas, num processo normal, o título está a ser atribuído. “Pois, chegam 30, 40 ou 100 num mesmo dia. Cada elemento da equipa em vez de 10 processos assume a análise de 50. Tem sido assim neste últimos tempos”, revelou-nos a enfermeira Clara Ribeiro, presidente da CAT desde 2015 e de quem depende toda a dinâmica da equipa, sendo que todos os processos passam por ela.

 

Formada no Porto, a maior parte do percurso profissional de Clara Ribeiro foi passado no hospital de Aveiro, na Unidade de Cuidados Intensivos. Em vez de optar por um estilo de vida arredado da azáfama profissional, num merecido descanso, a Enfermeira encarou este desafio. “Conheço a bastonária Ana Rita Cavaco e o vice-presidente Luís Filipe Barreira desde muito jovens e identifiquei-me profundamente com a ideia que projectaram para a OE”, contou-nos.

 

Reconhecendo o esforço que a nível pessoal, com repercussões na vida familiar, tem recaído sobre a CAT, o Conselho Directivo da SRSul, em reunião de 5 de Agosto de 2020, decidiu aprovar um voto de louvor a toda a equipa, na pessoa da sua Presidente, por toda a dedicação em prol da Enfermagem e dos Enfermeiros. Uma homenagem que recai sobre todos os membros das secções regionais que integram a CAT pois sem eles nada teria sido possível. O empenho da enfermeira Clara Ribeiro é um sinal muito claro de dignificação de todos os profissionais. Um exemplo para as novas gerações que agora chegam à mais bela profissão do mundo.