Press-release

Dia Internacional do Enfermeiro 2015

Hoje, 12 de maio, celebra-se o Dia Internacional do Enfermeiro (DIE), este ano assinalado de forma especial no IV Congresso da Ordem dos Enfermeiros (OE), que termina hoje no Centro de Congressos de Lisboa.

Segundo Linda Aiken, uma investigadora da Universidade da Pensilvânia, a Enfermagem é o fator que, isoladamente, é mais importante na classificação que os doentes atribuem aos hospitais. Encontra-se maior satisfação das pessoas em hospitais com:

     - Ambientes de trabalho adequados;

     - Menor número de doentes por enfermeiro;

     - Maior qualificação dos enfermeiros.

Segundo a investigação que a autora publicou, em 2014, no prestigiado jornal médico Lancet, cada aumento de um doente à responsabilidade dos enfermeiros está associado a um aumento de 7% na mortalidade hospitalar.

Além disso, cada 10% de aumento na proporção de enfermeiros na prática clínica reduz em 7% a mortalidade hospitalar.

O estudo realizado em 30 países, entre os quais a Escócia, Irlanda, Inglaterra e EUA, e agora implementado em Portugal numa parceria com a Universidade Católica, permitiu ainda identificar que:

     • Hospitais com melhores dotações de enfermeiros e menor exaustão de enfermeiros, têm menos 30% de infeções associadas aos cuidados de saúde, permitindo poupanças anuais de 68 milhões de dólares. (Cimiotti, Aiken et al, Am J Infection Control 2012);

     • Cada hora adicional de cuidados por um enfermeiro reduz a má gestão de glicemia nos doentes internados em 16%, poupando oito mil dólares por doente. (McHugh, Aiken Int J Qual in Healthcare, 2011);

    • Cada aumento de um doente por enfermeiro está associado a um aumento de 11% nos reinternamentos hospitalares, com custo de milhões de dólares por ano. (Tubbs-Cooley, Aiken et al, 2013 BMJ Quality and Safety).

O estudo revela que um número adequado permite o retorno no investimento, pelo que melhorar os ambientes de cuidados não é caro, apenas requer cultura de mudança.

A replicação do estudo em 31 hospitais portugueses, contabilizando 2235 enfermeiros de cabeceira e 2333 doentes, permitiu identificar dados alarmantes.

Apenas 55% dos doentes recomendariam o hospital a amigos e familiares. Isto significa que, se os hospitais fossem uma qualquer empresa privada, estariam arruinados na sua relação com o cliente.

O facto de apenas 41% dos enfermeiros classificarem a segurança dos seus serviços como excelente ou muito boa é um valor preocupantemente baixo, em comparação com outros países estudados. Isto revela a possibilidade de perigos para a segurança das pessoas internadas.


Os enfermeiros que responderam ao estudo, por exercerem em serviços com poucos enfermeiros, estão a deixar cuidados por prestar. Se a administração de terapêutica e a realização de procedimentos conseguem ser executadas numa taxa alta, já a educação para a saúde e o apoio emocional e conforto aos doentes e famílias não é realizado em metade das ocasiões.

Isto justifica a elevada insatisfação dos doentes com os serviços.

Os resultados da consulta são alarmantes, com metade dos enfermeiros insatisfeitos e em exaustão. A falta de oportunidades de desenvolvimento profissional e de aproveitamento das competências que adquirem é assustadoramente elevada (91%) e única nos países estudados.

O Dia Internacional do Enfermeiro foi criado pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (International Council of Nurses - ICN) e assinala a data do aniversário do nascimento de Florence Nightingale.

No âmbito das comemorações do DIE 2015, e como tem sido hábito em anos anteriores, a Ordem divulga em português a publicação desenvolvida pelo ICN - «Enfermeiros: Uma Força para a Mudança».

CGB/RF - GCI/WA/PG