Enfermeiros infectados no trabalho com Covid-19 sofrem cortes nas remunerações

Nas últimas 24 horas, a Ordem dos Enfermeiros foi confrontada com uma situação inadmissível, que não pode deixar de repudiar e denunciar, exigindo medidas urgentes ao Ministério da Saúde e ao Ministério do Trabalho. Enfermeiros de todo o País, que foram infectados com a Covid-19 no exercício de funções, foram confrontados com a ausência de remuneração ou cortes significativos. 

 

Já a 27 de Abril, a OE enviou um ofício aos dois Ministérios a alertar para esta situação, sublinhando que não reconhecer formalmente a Covid-19 como doença profissional, fazendo depender a sua caracterização de nexo causal exigível para as restantes doenças, é manifestamente injusto, oneroso e desumano para todos aqueles que asseguram cuidados de Saúde, em particular em fase de emergência de saúde pública internacional. 

Acontece agora que a OE recebeu exposições de vários Enfermeiros que, testando positivo há mais de 50 dias, não têm qualquer fonte de rendimento ou de protecção. Um dos exemplos disso é o de um casal de Enfermeiros, onde, cada um, recebeu este mês apenas 60 euros de remuneração, referentes a horas realizadas em meses anteriores.

 

O mínimo exigível é que as instituições salvaguardem os vencimentos dos profissionais infectados a 100%, face ao enorme esforço que lhes é exigido, uma vez que estamos perante uma dupla penalização: Enfermeiros que sofrem pela doença e agora com cortes nos seus rendimentos. A possibilidade de virem a receber, futuramente, 65% ou 70% do seu vencimento não acautela presentemente a sua sobrevivência e das suas famílias.

“Está em causa a sobrevivência da nossa única linha de defesa, aqueles que cuidam da vida de todos nós. É desumano, vergonhoso e inaceitável”, diz o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, Luís Barreira.

 

Urge encontrar uma solução imediata, de natureza transitória e de carácter excepcional.

Tempos de emergência exigem medidas de emergência.