Ordem preocupada com recrutamento de Enfermeiros portugueses na Europa

  • 06-11-2020

A Ordem dos Enfermeiros está a ser confrontada diariamente, com insistência particular nas últimas duas semanas, com pedidos de recrutamento de Enfermeiros portugueses por parte de várias países europeus (Espanha, Reino Unido, Alemanha e Holanda), que estão a oferecer contratos anuais, transporte e alojamento gratuitos.

 

As propostas, que se intensificaram na primeira vaga da pandemia, são agora mais e com condições mais vantajosas por parte de hospitais, mas também de lares. Só de Espanha houve cinco contactos nos últimos dias, desde a Galiza às Canárias, com ofertas de 30 mil euros brutos anuais. Já a Holanda está a oferecer, além das melhores condições remuneratórias, casa, transporte e curso da língua.

 

Esta situação preocupa a Ordem dos Enfermeiros, que reitera ao Governo a necessidade de encontrar mecanismos de fixação dos Enfermeiros em Portugal, que não passam pela oferta de contratos de quatro meses, como temos vindo a alertar.

 

Apesar de ser unanime o reconhecimento do trabalho dos Enfermeiros no combate à pandemia, não há qualquer incentivo, subsídios de risco ou penosidade, nem remunerações dignas.

 

Só em 2019, mais de quatro mil Enfermeiros solicitaram à Ordem dos Enfermeiros a declaração para efeitos de emigração, um número recorde que triplicou em relação a 2017 e que representa um aumento de 64% face a 2018, sendo que neste momento há quase 20 mil Enfermeiros no estrangeiro, e o Governo deveria preocupar-se em criar mecanismos para que possam voltar.

 

Face à situação que estamos a atravessar, após oito meses de pandemia com Enfermeiros exaustos e muitos infectados, impedidos de trabalhar, é imperativo que seja revista a forma de contratação de Enfermeiros, bem como as suas condições laborais.

 

“Não podemos continuar a comprar ventiladores e a exportar Enfermeiros”, diz a Bastonária da OE, Ana Rita Cavaco.