Carta do Presidente

As transições de mandatos, tal como as passagens de ano, são momentos de balanço e avaliação, de definir objetivos e metas a alcançar, de propor intervenções e mudanças, de assumir rumos e de esperança.

 

Todos queremos sempre mais e melhor, é a essência de ser pessoa que não se contenta, ambição que alimenta a força de vontade para no dia-a-dia buscar algo de diferente.


Os Enfermeiros são pessoas, antes de tudo, também maridos, esposas, pais, filhos, netos, irmãos e amigos, integrados em famílias e comunidades, com dignidade e cidadania.


No entanto, aos Enfermeiros existe sempre a ousadia de limitar tudo isso, assente na necessidade de fazer sempre mais do que deveriam, sempre numa perspetiva de dar mais do que receber, sonegando os seus interesses e a sua vida, revogando-lhes direitos e acrescendo deveres.


Ser Enfermeiro é conotado com servir, estar pelo outro, fazer tudo pelos que cuida, ser número e menos pessoa.


Tem sido assim as últimas décadas, com muito pouca gratidão, falta de reconhecimento, desvalorização face à sua verdadeira importância, mas não têm que continuar a ser assim, não se pode perpetuar este desrespeito e promessas vãs, em que tudo nos é pedido e nada surge à troca.


A Enfermagem não é uma missão, é uma profissão, exercida por pessoas, com qualificações e competências de excelência, onde os formados em Portugal são considerados do melhor que existe neste planeta, profundamente procurados pelos países que melhor podem pagar, mas neste retângulo à beira mar plantado, continua a existir preconceito para com estes profissionais.


Por tudo isto, este novo ano, este novo mandato, esta nova equipa, tudo farão para demonstrar o valor dos Enfermeiros do Centro, a sua excelência e qualidades, defendendo os seus interesses e dos cidadãos, num melhor SNS e de melhores condições de exercício profissional, de comunidades e profissionais mais empoderados, no fundo de um País melhor.


Mas para isso, cada um de vós, tem que assumir esse desejo, lutar por ele, defender o seu exercício e autonomia, ser resiliente e exigente, brioso e orgulhoso do que faz, ser verdadeiramente gente que cuida, nunca deixando de se cuidar.


Sejam ousados, determinados e focados, busquem o conhecimento e a razão, verdadeiros motores de mudança, dignos e honrosos Enfermeiros, daqueles que não desistem nem se deixam vencer, ambiciosos, mas também humanistas, solícitos e fraternos, respeitadores da liberdade do outro e livres, também para dizer não.


Essa é a minha esperança, eu acredito, desejo que promoverei enquanto líder desta Secção Regional, desta equipa composta por mais de 18.000 membros, em que só todos juntos poderemos e iremos fazer a diferença.


Um bem hajam, sempre grato à oportunidade por vocês concedida.

 

Valter Amorim

Presidente do Conselho Diretivo Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros

CDR/VA