Dia Mundial da Doença de Alzheimer – 21 de setembro

Dia Mundial da Doença de Alzheimer – 21 de setembro

A Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica (MCEESMP) assinala o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, a 21 de setembro de 2012. Leia em seguida a mensagem redigida pelo Enf. Carlos Sequeira.

No dia 21 de Setembro pretende-se sublinhar, em termos mundiais, a problemática da Doença de Alzheimer. Esta doença é o tipo mais comum de demência, sendo responsável por 50 a 75% dos casos de pessoas com demência.

Trata-se de uma doença que incide essencialmente nas pessoas idosas, com mais de 65 anos, e que numa primeira fase é de difícil diagnóstico, em consequência da sua associação às queixas relacionadas com o envelhecimento e à sintomatologia depressiva.

É uma doença que provoca uma deterioração progressiva do funcionamento cognitivo, suficiente grave para ter repercussões na vida social, profissional, familiar e no comportamento. Neste contexto, surgem alterações da memória, da linguagem, do humor, da personalidade, das atividades básicas e instrumentais da vida diária, da interação social, da autonomia, (…), para as quais é necessário encontrar respostas.

Ao afetar as funções cognitivas da pessoa, a Doença de Alzheimer dificulta o acesso aos acontecimentos do quotidiano, o que por si só lhe retira uma parte substancial da vida, associada à diminuição da intencionalidade e do significado das ações, ou seja, impede-o de atribuir «valor» à interação com o seu contexto, diminuindo-lhe de forma progressiva, a capacidade de conhecer os outros; a capacidade de conhecer o mundo; a capacidade de se reconhecer; e, inclusive, de ter acesso a todo o reportório de vida que o caracterizava.

Trata-se de uma enfermidade que tem como modo de ação extinguir a «conexão» que liga a pessoa à vida. A fonte que alimenta o pensamento (memória) vai secando, alterando de forma progressiva a capacidade de comunicação da pessoa.

Alguns familiares afirmam: «O meu pai/mãe…, já não é a pessoa que conheci. A doença retirou-lhe tudo. Por vezes, já nem me reconhece…».

Por isso, neste dia, importa:

  • Assinalar o número significativo de pessoas vítimas da Doença de Alzheimer. Estima-se que, em Portugal, existam 150 mil pessoas com demência e 35 milhões em todo o mundo;
  • Consciencializar a sociedade para este grave problema e para a necessidade de existirem respostas, capazes de manter a dignidade, o conforto e bem-estar das pessoas com Doença de Alzheimer;
  • Alertar para a importância do diagnóstico precoce;
  • Sensibilizar a comunidade científica para continuar a investir em «ferramentas» que facilitem o diagnóstico e em modalidades de tratamento capazes de atenuar as repercussões da doença;
  • Alertar para a necessidade de implementação de programas de estimulação cognitiva e funcional em estados precoces, com o objetivo de retardar o aparecimento de determinados sintomas, diminuir a sua gravidade e aumentar o número de anos com maior autonomia e funcionalidade;
  • Realçar a necessidade de criação de um plano nacional específico para as pessoas com demência e, no caso concreto, para as pessoas com Doença de Alzheimer, que contemple as condições básicas das instituições, a formação específica dos profissionais de saúde, as guidelines de intervenção (normas de boa prática / padrões de qualidade) e descreva os direitos / deveres dos doentes e familiares;
  • Prestar homenagem a todos os cuidadores que, de forma heroica, cuidam de pessoas com a Doença de Alzheimer;
  • Sensibilizar a população em geral para a importância de promover um envelhecimento ativo, com estimulação da cognição e adotando estilos de vida saudáveis, como estratégia de prevenção e uma «via de eleição» para atenuar o impacto da Doença de Alzheimer, em termos individuais, familiares, sociais e comunitários.

Cuidar de uma pessoa portadora de Doença de Alzheimer é difícil, muito difícil. Requer disponibilidade, amor, conhecimentos, solidariedade, paciência, dedicação e, sobretudo, capacidade para cuidar de acordo com as necessidades de cada doente. A pessoa vítima da doença não é culpada pelo seu aparecimento, nem pelas implicações da mesma nos diferentes domínios.

O envolvimento e o suporte às famílias é fundamental para a manutenção do conforto e da dignidade da pessoa com Doença de Alzheimer, visto que os cuidados geram grande desgaste físico e emocional para aqueles que lidam diretamente com o familiar doente.

Todos os esforços, individuais e coletivos que possam ser implementados para minimizar as consequências da doença são da maior importância.

Uma palavra de apreço para todos os enfermeiros que se tem dedicado a cuidar de pessoas com Doença de Alzheimer, a ajudar os cuidadores a lidar melhor com este problema e a investigar para que os portadores da doença e os familiares cuidadores tenham melhores cuidados.

Bem haja a todos.

Ana Saianda