Ser enfermeiro e ser pai

  • 19-03-2024

Especialistas no cuidar, Ângelo Marinho e Rui Alves dão primazia ao equilíbrio entre o trabalho e ao tempo em família. Neste Dia do Pai, conhecemos como estes dois enfermeiros lidam com os desafios de uma profissão exigente e a não menos exigente missão de estar presente no dia a dia dos filhos.


Para o Enfermeiro Ângelo Marinho, de 42 anos – com dois filhos de 17 e seis anos –, a possibilidade de ter um horário fixo ajuda na conciliação entre as necessidades do trabalho e a dinâmica da vida familiar. "A possibilidade de gerir, o horário de trabalho com as horas familiares e de apoio aos filhos, obviamente que é facilitadora de uma dinâmica mais saudável entre todos", salienta.


Já para o Enfermeiro Rui Alves (54 anos), pai de três filhos – um com 27 anos e dois com sete –, "não é fácil conciliar" e explica porquê: "Tem de ser com uma gestão de agenda porque os miúdos, principalmente os mais pequenos, têm atividades – futebol, natação –, o que torna, por vezes, difícil essa gestão. Obriga a uma correria muito grande. Dentro do possível tenho conseguido, mas com muita dificuldade. A importância do apoio de retaguarda por parte da mãe, faz com fique descansado quando estou a trabalhar." E destaca: "Quero estar presente na vida dos meus filhos."


Mas será que ser pai influencia o enfermeiro e vice-versa?


Para Ângelo Marinho, Enfermeiro Especialista de Saúde Mental e Psiquiátrica, "são aspetos que são recíprocos." "Não deixamos de ser quem somos. Transportar para a prática o conhecimento que temos enquanto pais, enquanto membro de uma família, é importante, não no sentido de resolver as nossas questões através dos outros, mas no sentido de podermos prestar melhores cuidados a quem precisa”, refere. Acrescenta ser essencial ter em consideração "a individualidade das pessoas, com uma história específica, com pais específicos, com mães específicas, dentro de um contexto que é muito personalizado".


Já Rui Alves, que além de enfermeiro é também militar, vê com outros olhos esta questão, preferindo manter os dois mundos separados: "Quando estou como pai, não penso na enfermagem. Quando estou na prestação dos cuidados, concentro-me nessa parte."


Ambos tentam que o facto de serem especialistas na área da saúde não se traduza num excesso de zelo no que à saúde dos filhos diz respeito. Porém, o Enfermeiro Rui Alves recordou o momento quando, recentemente, o filho sofreu uma queda e foi transportado para o hospital: "Bateu com a cabeça, estava com náuseas, vómitos, havia ali um traumatismo crânio encefálico, o que poderia estar por detrás disto... Claro que me deixou um pouco apreensivo, mas consegui gerir."


Ao saber o resultado do TAC ficou mais descansado, mas Rui Alves não esconde que foi uma situação que mexeu com os seus sentimentos.

 

Já Ângelo Marinho realça como essa preocupação com a saúde vai depender da gravidade da situação, mas realça como pode existir uma maior facilidade ao saber o que é necessário para a recuperação da doença: "Há alguma tranquilidade e segurança no sentido do que podermos fazer com ele."


Rui Alves dedica-se há quase três décadas à Enfermagem, Ângelo Marinho há duas. Sorriem perante a questão se gostariam que os filhos seguissem as suas pisadas.


"Quero que escolham aquilo que eles preferirem, mas da minha parte não serão influenciados para a enfermagem", responde o primeiro.

 

"Eu gostaria que os meus filhos fossem tão felizes como eu sou na enfermagem. Sendo ou não enfermeiros, não sei. Não é a mim que compete decidir. Mas se tiverem a capacidade de ter uma profissão em que se sintam tão bem como eu enquanto enfermeiro, isso para mim, faz todo o sentido", salienta Ângelo Marinho.


Neste Dia do Pai, a SRSul gostaria de felicitar todos os pais que se dedicam de alma e coração ao cuidar dos filhos e, como enfermeiros, de quem mais precisa.