Núcleo de Enfermagem de Reabilitação criado no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental

Neste Dia Nacional do Enfermeiro de Reabilitação, Ana Temudo e Carla Coelho apresentaram um projecto que começou a ganhar forma há dois anos e que esperam que possa trazer benefícios tanto para os profissionais da área, como para os utentes. O Núcleo de Enfermagem de Reabilitação (NER) do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental é agora uma realidade, depois de um feedback muito positivo dos enfermeiros.

A apresentação decorreu esta quarta-feira no Hospital de São Francisco Xavier, um dos que já contava com projectos desenvolvidos, tal como o Hospital de Santa Cruz e Hospital de Egas Moniz. "Nos três temos já uma história muito forte na área da reabilitação", salienta a Enfermeira Especialista Ana Temudo. É uma das impulsionadoras do núcleo do CHLO, fazendo parte da Comissão Executiva Instaladora.

"Não sabíamos qual seria a receptividade da implementação para o CHLO. Começámos no nosso local de trabalho para ver se ia correr bem, para ver se se conseguia desenvolver algum tipo de trabalho. Abriu-se uma porta para apresentar o projecto no Egas Moniz. Depois, como percebemos que essa porta se abriu, tentámos abrir para o CHLO para ver a receptividade. E foi fantástica", refere.

"A Enfermeira Lurdes Cordeiro foi muito receptiva ao nosso projecto e criou formas de conseguirmos divulgá-lo e de chegarmos a todos os enfermeiros especialistas. Tivemos um feedback muito bom", acrescenta.

 

O que motivou a criação deste NER?

 

A Enfermeira Especialista Ana Temudo recorda o que motivou a que se dedicasse a este projecto com a colega Carla Coelho: "Tínhamos um campo muito rico de dados e trabalho para desenvolver. O núcleo irá reorganizar e planear da melhor maneira todo este trabalho que é desenvolvido que é pouco visível e estruturado".

Explica que "houve um trabalho de campo para perceber as necessidades dos enfermeiros especialistas de reabilitação e realizaram-se várias reuniões para perceber as dificuldades, os obstáculos, o que faltava na área da reabilitação, o que esperam que o núcleo possa dar." Traçar o perfil do enfermeiro especialista de reabilitação é visto como um ponto essencial deste trabalho realizado.

Ana Temudo espera que o NER possa "optimizar as estadias de internamento e também nas consultas, nas idas ao hospital, optimizar todo o trabalho do enfermeiro especialista de reabilitação e desta forma obter ainda mais ganhos em saúde e dar evidência a esses ganhos". Realça ainda o objectivo de criar parcerias com entidades externas, como associações, Juntas de Freguesia, escolas de enfermagem e universidades, por exemplo, com a investigação científica a ser também um foco.

O apoio da Ordem dos Enfermeiros (OE) foi importante, segundo Ana Temudo: "O Enfermeiro Luís Gaspar motivou-nos e precisamos deste apoio da Ordem, pois sem ele dificilmente conseguiríamos avançar."

 

A importância dos Núcleos de Enfermagem de Reabilitação

 

O Enfermeiro Luís Gaspar, Presidente da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Reabilitação, esteve presente na apresentação em representação da OE, tal como Sílvia Fernandes, Secretária do Conselho Directivo Regional da Secção Regional do Sul da OE.

Luís Gaspar salienta a relevância dos NERs: "São grupos de enfermeiros de reabilitação de cariz consultivo e constituem-se como suporte ao exercício profissional de enfermagem de reabilitação. Tornam-se bastante importantes porque permitem criar um espaço de discussão e partilha sobre os cuidados de Enfermagem de Reabilitação, possibilitando a transmissão de conhecimento inter-pares, divulgando e dando visibilidade aos cuidados de enfermagem de reabilitação."

Realça também como um NER como o que esta quarta-feira foi apresentado pode influenciar esta área da enfermagem, "dando visibilidade ao trabalho diário dos enfermeiros de reabilitação."

"Ao contribuir para maximizar os cuidados de enfermagem de reabilitação prestados aos utentes, actuando na promoção da sua saúde, na prevenção de complicações secundárias, no tratamento e na reabilitação estes núcleos estão a promover os cuidados de enfermagem de reabilitação”, afirma.

"Atualmente a existência nos contextos de enfermeiros de reabilitação reduz o tempo de internamento. Este resultado traduz-se em ganhos efetivos em saúde, poupando milhões de euros ao erário publico. Ao assumirem este papel uniformizador de boas práticas influenciam a política de enfermagem de reabilitação dentro das instituições promovendo a Enfermagem de Reabilitação", acrescenta.

Destaca os quatro níveis em que os NERs exercem as suas actividades: na prestação de cuidados, na formação, na gestão e na investigação.

O Enfermeiro Luís Gaspar explica cada um dos pontos: "Na prestação de cuidados contribuindo para a melhoria dos cuidados de enfermagem de reabilitação, promovendo a partilha de conhecimento e uniformização por forma a melhorar a qualidade dos cuidados de enfermagem de reabilitação."
"Na formação planeando formação pós-graduada em Enfermagem de Reabilitação de acordo com as necessidades da instituição."

"Na Investigação, potenciando trabalhos de investigação mais robustos de acordo com as necessidades institucionais contribuindo para a produção científica de Enfermagem de Reabilitação."

"Na gestão constituindo-se como grupo mediador junto da administração potenciando o trabalho dos Enfermeiros de reabilitação garantindo equidade no acesso a cuidados de enfermagem de reabilitação a todos os utentes."