Dia da memória

Responsáveis dos órgãos sociais da SRSul assinalaram o Dia Internacional do Enfermeiro com a leitura de um texto da Enfermeira Ana Sara Daniel, do ACES de Sintra, de apelo para que cada Enfermeiro mantenha vivo permanentemente na memória o dia em decidiu escolher esta profissão. Veja aqui o vídeo, e leia o texto.

 

Lembras-te?

Lembras-te do dia em que decidiste ser enfermeiro?

De onde veio essa vontade?

Esse ímpeto de ser significativo, de fazer a diferença na vida de outros, de tocar existências enriquecendo com a experiência?

De onde veio? Como nasceu essa força, essa coragem, essa garra de iluminar a vida de outras pessoas no nascimento, na infância, no crescimento, na vida adulta, na doença, na morte, no luto?

Que força é essa?

Há um coração musculado dentro de ti, enfermeiro.

Um coração de pessoa. A tua força vem daí.

Um coração que bate mais rápido quando tens um doente instável, que galopa quando o tentas reanimar, que chora quando te morre alguém demasiado cedo sem teres podido fazer nada para o evitar;

Um coração que sofre com a dor física e a desesperança espelhadas na cara e no corpo de quem cuidas;

Um coração que tantas vezes esconde as suas próprias emoções para ser uma presença segura e contentora das emoções do outro;

Um coração que grita depois de um turno em que não conseguiste dar o teu melhor, … a frustração aflitiva de ter sido tão fácil fazer mais em melhores condições… 

Há dentro de ti um coração de pessoa que bate por gente.  Escuta o que te diz, enfermeiro. Cuida dele. Aceita as tuas emoções. É o teu instrumento de trabalho, tanto quanto as tuas mãos, o teu corpo, o teu sorriso.

Ser enfermeiro é algo que se traz no sangue, uma roupa que não se despe no vestiário, uma identidade que te acompanha onde quer que vás.

Onde houver alguém vulnerável, doente no corpo ou no espírito, alguém com potencial para melhorar a sua saúde física ou psíquica, no exercício da tua profissão ou fora dela, o impulso de cuidar impõe-se. É mais forte. Ser enfermeiro vive da pessoa que és.

Continua a acontecer-te? Sentir que és enfermeiro porque não poderias ter outra profissão? Sentir que és enfermeiro de alma e coração? Que fazes o que fazes porque acreditas no teu potencial de tocar a vida de quem cuidas? Acreditas nessa força, como no dia em que decidiste ser enfermeiro?

Lembra-te desse dia todos os dias, dessa sensação.

Lembra-te todos os dias do dia em que decidiste ser enfermeiro.

A enfermagem és tu… tu que a fazes.

 

Ana Sara Daniel – ACES Sintra