Relatório internacional coloca Enfermeiros a exercer em Portugal na cauda dos países da OCDE

Os Enfermeiros que exercem em Portugal são dos mais mal pagos entre os 38 países da OCDE, com um salário anual médio de 23 mil euros, pouco mais de metade da média da OCDE (41 mil euros anuais), sendo já ultrapassados por países como o México, a Turquia, Grécia e Eslovénia.

 

Esta é uma das conclusões do relatório  ‘Health at a Glance 2021’, agora divulgado, que traça um cenário negro da carreira da Enfermagem em Portugal, cada vez mais na cauda da OCDE.

 

Também no rácio de Enfermeiros por mil habitantes Portugal já foi ultrapassado, por exemplo, pela Eslovénia. Tem neste momento um rácio de 7.1 Enfermeiros, quando a média da OCDE é de 8.8, sendo que o número de Enfermeiros per capita cresceu na maioria dos países. Pelo contrário, o número de médicos por mil habitantes em Portugal é superior à média da OCDE (5,6 contra 3.5).

 

A Noruega e Suíça são exemplos de países que conseguiram aumentar substancialmente o número de Enfermeiros nas últimas duas décadas, nomeadamente através da adopção, na Noruega, de um plano de cinco anos para melhorar as competências, remuneração e taxas de retenção de enfermeiros.

 

Já na Suíça, a par da Nova Zelândia, um quarto dos Enfermeiros em exercício são estrangeiros, sendo oriundos de países como a França, Alemanha e Portugal, como têm vindo a demonstrar os números da emigração de Enfermeiros portugueses.

O relatório confirma que houve um grande investimento por parte de alguns países no recrutamento de Enfermeiros como forma de resposta à pandemia, e dá como exemplo a subida de 27% nas ofertas online nos EUA.

 

Aliás, o mesmo documento destaca o trabalho dos Enfermeiros durante a pandemia, atribuindo-lhes o “papel principal” que desempenharam na prestação de cuidados, tendo sido também a classe profissional do sector da Saúde que mais impactos negativos sofreu, designadamente problemas de saúde mental associados à pandemia.

 

Face a este relatório, que só confirma o que tem vindo a ser denunciado pela OE, não podemos deixar de manifestar a nossa mais profunda preocupação com a situação da Enfermagem em Portugal, mas também com a prestação de cuidados, que já está a ser afectada.

 

Como sempre avisámos, a guerra do futuro seria, não por ventiladores, mas sim por Enfermeiros.

Temos pouco Enfermeiros, mal pagos e os poucos que temos estão a abandonar o País.

Este relatório é um alerta grave, que não poderá ser ignorado na campanha eleitoral que se aproxima.