Ordem preocupada com recrutamento de Enfermeiros portugueses na Europa

A Ordem dos Enfermeiros está a ser confrontada directamente, e com muita insistência, com pedidos de recrutamento de países estrangeiros (Espanha, Alemanha e Holanda) de Enfermeiros portugueses, numa altura em que a generalidade dos Estados europeus está a aumentar a remuneração e a atribuir prémios aos profissionais de Saúde, devido ao seu papel na luta contra a pandemia da Covid-19. 

 

Já em Portugal, apesar de ser unanime o reconhecimento do trabalho dos Enfermeiros no combate à pandemia, continua sem haver mecanismos de fixação destes profissionais no País. Não há qualquer incentivo, subsídios de risco ou penosidade, nem remunerações dignas, e continuam a ser feitos contratos de apenas quatro meses. Só em 2019, mais de quatro mil Enfermeiros solicitaram à Ordem dos Enfermeiros a declaração para efeitos de emigração, um número recorde que triplicou em relação a 2017 e representa um aumento de 64% face a 2018, sendo que neste momento há quase 20 mil Enfermeiros no estrangeiro.

 

Face ao que ainda ontem foi referido pela OMS, que diz que o pior da pandemia ainda está para vir, e face à situação actual no País, com o número de casos a aumentar após um mês de desconfinamento, esta situação de procura dos Enfermeiros portugueses pelos restantes países, onde estes são de facto valorizados, é uma preocupação acrescida para a OE, numa altura em que se preparam para sair das escolas portuguesas perto de três mil novos Enfermeiros.

 

Esta é a altura de o Governo dizer se quer continuar a exportar profissionais altamente diferenciados ou se, pelo contrário, vai seguir o caminho dos restantes países e reconhecê-los, de facto, passando das palavras aos actos.

Se no início da pandemia os países disputavam os equipamentos de protecção individual, a OE teme que essa luta seja agora por Enfermeiros.

 

Neste momento, e face à situação que se vive com a pandemia da Covid-19 no nosso País, a Ordem exige também saber se existe, efectivamente, um aumento da  reserva estratégica de equipamentos de protecção individual (EPI) para prevenir um possível agravamento da situação.

 

De resto, em Maio, a OE apresentou um documento com medidas a adoptar na fase de desconfinamento, onde propunha, entre outras, a criação de equipas de saúde pública a nível local, envolvendo as juntas de freguesia e os municípios, bem como os centros de Saúde, potenciando o papel dos Enfermeiros especialistas em Saúde Pública da área em que estão integrados no rastreamento dos casos.

 

Por outro lado, a OE recomendou também a integração de Enfermeiros do Trabalho, profissionais qualificados no âmbito da Saúde Ocupacional, nas empresas, que como se vê agora são focos de novos surtos.