Mais de 8.600 escusas de responsabilidade apresentadas por Enfermeiros

A Ordem dos Enfermeiros recebeu 8.664 pedidos de escusa de responsabilidade de Enfermeiros, mais 927 desde o último relatório divulgado em dezembro de 2022.

Só na zona Centro, o total de pedidos de escusa é superior a 5.300. Desta vez, o destaque vai para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra com 245 pedidos de escusa só nos últimos três meses.

A região Sul é a segunda zona do País mais afetada, com um total de 2.363 declarações de escusa.

O Hospital Garcia de Orta, em Almada,encabeça o número de escusas com 341 pedidos, seguindo-se o Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) onde recentemente a OE pediu ao Ministro da Saúde que acompanhasse a Ordem numa visita ao Serviço de Urgência Geral que, à época, encontrava-secompletamente sobrelotado.

Se fizermos uma comparação com os dados divulgados pela OE há um ano, em período homólogo, verifica-se um aumento de 4.400 pedidos de escusa (2022) para mais de 8.600.

Vários fatores contribuem para este aumento tão acentuado que vão desde a degradação dos serviços, sobretudo devido à falta de Enfermeiros, o que leva ao incumprimento das dotações seguras, pondo em causa a qualidade e segurança dos cuidados prestados.

A isto acresce a carga horária.

A maioria dos enfermeiros que trabalha nos hospitais públicos faz cerca de 70 horas semanais, quando deveria trabalhar 35. E são vários os estudos internacionais que demonstram que, por cada doente a mais a cargo de um Enfermeiro, a mortalidade sobe 7%.

Este excesso de trabalho, associado às más condições que existem nos hospitais, leva muitos enfermeiros a trabalharem até ao limite e entrarem em situação de burnout.

Milhares emigram à procura de melhores condições de vida e de trabalho, onde recebem uma remuneração justa e a valorização que tanto merecem.