Importância dos enfermeiros na sociedade marca primeiro dia da II Convenção Internacional

  • 10-05-2023

 

Dedicada ao tema “O Futuro é Saúde” e reunindo mais de 1400 enfermeiros de todo o país, a II edição da Convenção Internacional dos Enfermeiros está a decorrer no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz até esta quinta-feira, 11 de maio.

 

Na sessão de abertura marcaram presença Ricardo Mestre, Secretário de Estado da Saúde, Pedro Santana Lopes, Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, e Ana Rita Cavaco, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros.

 

Lembrando a urgência na publicação do novo regime jurídico da especialidade em Enfermagem, a Bastonária aproveitou a sessão de abertura para destacar que este “é um momento histórico para a enfermagem que não podemos desperdiçar”.

 

Agradecendo a “nova forma de relacionamento” entre a Ordem dos Enfermeiros e a tutela, Ana Rita Cavaco defendeu que “é assim que tem de ser”, lamentando, no entanto, que se tenha “perdido tanto tempo”.

 

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou, através de um vídeo partilhado no encontro, sobre os desafios que os enfermeiros enfrentam, defendendo que a realidade atual “obriga a repensar tudo: a formação, a atualização, as carreiras, a atratividade para não partirem para o estrangeiro”. Para ultrapassá-los, o Chefe de Estado apela à sinergia, “inter-relação com os outros profissionais de saúde, porque é um trabalho de equipa e só há serviço de qualidade com trabalho de equipa”, disse, numa mensagem por vídeo onde começou por lamentar não poder estar presente.

 

Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu uma palavra especial a Ana Rita Cavaco, a propósito do final do seu segundo mandato: “conheço-a desde jovem, acompanhei as vicissitudes da sua vida, acompanhei-a em períodos muito complicados, ainda não era Presidente da República, era um mero cidadão”.

 

O Chefe de Estado realçou o papel desta enquanto bastonária, sendo “muito, muito exigente e muito complicada; determinada, nuns casos, teimosa… Uma dor de cabeça para os poderes públicos”. Acrescentou que Ana Rita Cavaco “mobilizou a classe em momentos fundamentais, gerindo a classe à sua maneira, muito própria, muito personalizada”.

 

Olhando para o futuro, Marcelo Rebelo de Sousa espera que a determinação de Ana Rita Cavaco seja aproveitada “noutras atividades e funções, porque ainda é nova” e que “continue a inspirar os profissionais de saúde e a motivá-los para a importância da enfermagem”.

 

Ricardo Mestre elogiou igualmente a pertinência dos temas em debate nesta Convenção. O Secretário de Estado da Saúde reconheceu a necessidade de “aproximar os profissionais dos utentes”, e felicitou a Ordem por “constantemente nos colocar a discutir estes desafios”. “É com muita satisfação que o Governo e o Ministério da Saúde se associam a esta convenção”, reconheceu.

 

Pedro Santana Lopes, presidente da Câmara da Figueira da Foz, iniciou a sua intervenção recordando uma história com mais de 30 anos, na altura em que conheceu Ana Rita Cavaco. “Estávamos num Conselho Nacional e ouvi falar uma miúda que fez uma intervenção que arrasou aquilo tudo… Num tempo em que não era muito fácil discordar! Ela chegou disse o que pensava, de alto a baixo, e eu perguntei ‘quem era aquela miúda?’ E nunca mais a perdi de vista”. Santana Lopes admitiu perante a plateia, ser um grande admirador, para além de amigo da Bastonária da Ordem dos Enfermeiros.

 

Ana Rita Cavaco fez, na Figueira da Foz, a última intervenção enquanto Bastonária da Ordem dos Enfermeiros. O mandato da atual líder da Ordem termina em dezembro, pelo que a Bastonária aproveitou o momento para agradecer publicamente à equipa e às várias pessoas que escolheram “não deixar esta missão entregue a uma pessoa só”.

 

“Esta foi a viagem da minha vida, dentro da grande viagem da minha vida. Cumpri um sonho e acredito que consegui fazer muitos sonharem”, afirmou. “Fiz o que tinha de ser feito, nem sempre de forma perfeita, porque nenhum de nós é perfeito. Seguramente cometi erros, mas fui eu, como sempre fui, assim de carne e osso porque não sei ser de outra forma. Os cargos não definem as pessoas e são passageiros. Há vida para além deles, há humanidade e essa cumpri-a sempre junto de milhares de enfermeiros que ouvi, amparei e ajudei muito para lá do que o cargo me exigia. É essa a minha grande medalha, o meu grande orgulho”, disse ainda, num discurso aplaudido de pé.