Estudo relaciona especialização com redução de internamentos e de taxa de mortalidade

  • 09-04-2018

O relatório “Os Cuidados de Enfermagem Especializados como Resposta à Evolução das Necessidades em Cuidados de Saúde”, realizado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESCTEC), conclui que é uma necessidade premente o investimento nos recursos humanos na Saúde, designadamente através da especialização, que é já uma tendência internacional na Enfermagem.

 

“Definiu-se o papel do Enfermeiro com funções avançadas ou especializadas em diversos países, dotando-o de competências específicas (científicas e técnicas), capaz de desempenhar actividades do seu âmbito de competência mais complexas, que extravasam o domínio dos cuidados gerais”, lê-se no estudo, encomendado pela Ordem dos Enfermeiros, que aponta para ganhos para os doentes, para as instituições de Saúde e para os próprios profissionais, referindo mesmo que os cuidados prestados por Enfermeiros especialistas ajudam a reduzir as taxas de mortalidade, segundo os cinco estudos já conhecidos. “Unidades com menor percentagem de Enfermeiros especialistas são mais propensas a ter taxas de mortalidade mais elevadas”.

 

O mesmo relatório sublinha que é já reconhecido que o número de Enfermeiros, bem como qualificação e condições em que praticam a sua actividade, estão directamente relacionados com a qualidade e segurança dos serviços prestados.

 

Quanto à análise económica da especialização, o relatório indica que é muito positivo, pois permite ganhos em Saúde e de eficiência na gestão. “Estima-se que o impacto orçamental desta medida seja gradual, considerando o cenário no qual são disponibilizadas anualmente 1500 posições para enfermeiros especialistas, evoluindo à medida que o SNS vai absorvendo os enfermeiros especialistas e enquadrando-os devidamente nas organizações. (…) em 2032, já com uma quota significativa de enfermeiros especialistas integrados no SNS, as poupanças estimadas (redução de 5% nos internamentos) serão plenas, culminando em 93M€. Os custos, por sua vez, serão na ordem dos 78M€, permitindo uma poupança ou benefício líquido ao Estado de 15M€. Em média, de 2018 até 2032 haverá um benefício líquido 17,56M€, pelo que a integração destes profissionais se pagará a si própria.”, pode ler-se no relatório.

 

Para o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, Luís Barreira, “é importante haver uma revisão da carreira salarial e a possibilidade de os Enfermeiros fazerem o seu internato de especialidade no tempo de serviço”. “Hoje em dia, o Enfermeiro tem que pagar a sua especialidade para ter a atribuição do título, o que depois não tem a repercussão em termos de remuneração”, acrescenta Luís Barreira.

 

Leia aqui o relatório.