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11-04-2017
Resumo - À conversa com enfermeiros: A pessoa com dor
Do registo desta conversa, a dor foi enfatizada como o sintoma que mais vezes leva o doente a procurar cuidados de saúde e que, quando não controlada adequadamente, pode tornar-se um problema de saúde pública de grande dimensão e de custos elevados (em cuidados de saúde, perda de produtividade, etc.).
Do experienciado e refletido pelos presentes, o conceito da dor orienta para a experiência que a pessoa diz que tem, que existe, onde e como ela a diz, à semelhança do já considerado por Margot McCaffery em 1968. Também foi refletida como uma perceção privada, a depender das expetativas e crenças da pessoa, do seu estado cognitivo e emocional e não apenas da natureza do estímulo.
A dor foi discutida e entendida enquanto fenómeno multidimensional que envolve a dimensão sensorial, cognitiva e comportamental diferenciando -se os conceitos de dor aguda, dor crónica (de etiologia oncológica e não oncológica).
Foi defendida e reiterada a importância de uma intervenção junto da pessoa com dor crónica, assente numa abordagem integrativa, num modelo interdisciplinar de intervenção, com o objetivo de desenvolver um plano terapêutico centrado nas expectativas, autocontrolo e autoeficácia.
Sobressaiu o repto aos Enfermeiros para incorporarem no processo de cuidar a pessoa com dor, uma abordagem multidisciplinar estabelecendo estratégias ativas de intervenção, assegurando a continuidade dos cuidados, a participação da pessoa na gestão da dor, incrementando desta forma, uma cultura e atitude proativas através da informação, comunicação e participação.
A implementação de intervenções autónomas e interdependentes de enfermagem, demarcam, deste modo, a importância da abordagem multidisciplinar considerando a REGRA DOS 3 C’s - Complementaridade, Colaboração e Confiança.
A formação na área da dor e a investigação são um imperativo para os enfermeiros na assunção da melhoria dos cuidados de enfermagem.
A abordagem da dor no percurso académico da Licenciatura em Enfermagem, enquanto foco de atenção dos enfermeiros, é algo relevante e encarada com responsabilidade, em cada área de intervenção, serviço ou contexto. Até porque a avaliação do 5º sinal vital acaba por estar presente e ser indispensável no cuidar da pessoa ao longo do ciclo vital.
Os desafios da atualidade impõem a saída da zona de conforto e do registo monocórdico da dor, impõem melhorias a nível da acessibilidade, referenciação e organização; articulação entre os diferentes prestadores de cuidados; aperfeiçoamento do interesse focalizado pelas equipas de Enfermagem e mudança comportamental; investimento em estratégias de educação, investigação e formação contínua.
Registou-se o compromisso de continuar pelos ciclos de partilha, do “à conversa com enfermeiros: a pessoa com dor”, entendendo outras realidades e experiências com outros enfermeiros peritos, agora, a 28 de abril em Ponte de Lima.
GCIN/RPR