Maio - o mês do enfermeiro SIV

  • 11-06-2018

O primeiro “Emergência com norte” nasceu a propósito do Dia Internacional do Enfermeiro, mas não só. Foi também uma forma de recordar a importância dos Enfermeiros SIV, aqueles que estão onde não há mais ninguém e que têm sido subvalorizados pelo poder político. Dezoito cidades, dezoito realidades diferentes, a mesma ambição de mostrar o que move e diferencia estes profissionais.

Diz o ditado que o hábito faz o monge, mas vestir um pólo branco com detalhes amarelos não faz de qualquer um, um profissional diferenciado. 

 

Nos primeiros dias de Abril, falou-se de uma remodelação na actuação do INEM. Os enfermeiros, tripulantes deste meio, cientes da necessidade de reflectir antes de actuar, e com a noção clara que, em emergência, os erros são pagos em vida, desdobraram-se em esforços para conseguir travar alterações antes de uma afincada e profunda reflexão sobre o tema. O Presidente, tinha recebido telefonemas de colegas que, certos que o seu silêncio negligenciaria o interesse das populações, recorreram à Ordem. A ideia foi abraçada de imediato pelo presidente da SRNOE, João Paulo Carvalho, que mostrou a coragem que o caracteriza quando a intenção é avançar com este tipo de acções. Na sua liderança da Secção Regional quando lhe solicitam a realização de qualquer coisa é, “Sim! E se não soubermos ainda, depois vemos como”. Nessa ânsia de fazer e na vontade de responder às preocupações dos enfermeiros nasceu o Mês do Enfermeiro SIV. 

 

O programa era simples, obter autorização de 18 câmaras municipais para divulgar o trabalho dos enfermeiros nas ambulâncias SIV e munir a população de informação complementar que, naqueles minutos pós doença súbita ou acidente se podem repercutir em muitos anos na vida da vítima.

 

A magia do mundo em que vivemos é que estamos perto em qualquer parte do mundo, haja internet. Não tardou mais de dois dias para já existir um contacto oficioso por serviço de mensagens instantâneas, um grupo de gente que cuida de gente disparava em chat de grupo ideias e opiniões.

 

Há dois anos e meio encontrámos uma classe cabisbaixa, com medo, desiludida e que não acreditava no futuro, mas, no dia 10 de Maio, lá estavam os responsáveis pelas SIV reunidos no auditório da Sede da Rua de Latino Coelho, com um brilho no olhar e um sorriso no rosto. A sala, descontraída, borbulhava de vontade. Eram filas de olhares com esperança apesar da apreensão relativamente ao evento. Afinal, já só faltavam 4 dias para começar o trabalho e poucas respostas oficiais havia. 

 

As Câmaras Municipais, por norma, funcionam no seu próprio espaço-tempo. Há tramitações, impressos, formulários, fichas, modelos, todo o tipo de burocracias que conhecemos e algumas que não imaginamos. Para garantir que nada ficava perdido, reforçamos os pedidos com chamadas telefónicas. Com alguma graça, ouvimos por vezes que era um pedido com muita pressa, mas “é normal, se vem da malta da emergência vem com tempo”. Todos os 18 municípios apoiaram a iniciativa apesar do curto espaço de tempo. Alguns, por constrangimentos de agenda, não estiveram representados, mas fizeram questão de nos convidar a voltar com tempo e louvaram a iniciativa. "As populações precisam de informação que as deixe mais seguras”, afirmava uma autarca de Cinfães. “Farei o que estiver ao meu alcance para manter os enfermeiros aqui. Nem que seja usar estas duas mãos para segurar cartazes”, afirmou uma vereadora de Montalegre. Foram tantas as declarações dos autarcas, o apoio das populações e as palavras dos milhares de populares que contactámos nestas duas semanas que não as podemos enumerar neste texto que se quer curto.

 

No primeiro dia, a caminho de Mirandela e ainda com muitas confirmações de locais a chegarem, Leonel Fernandes, Secretário do Conselho Directivo Norte, gracejava  “Lá por vivermos em centros urbanos, não significa que nos vamos esquecer das nossas terras. Não somos como os políticos que vão para Lisboa e passam a defender os sítios onde há votos”.

 

As várias iniciativas de rua visavam explicar às pessoas como realizar uma chamada para o CODU de forma acertiva para obter exactamente o tipo de apoio que precisam. “Se as pessoas souberem fazer a chamada demoram menos tempo e recebem o tipo de ajuda que se adequa à situação. Isto não só liberta as linhas para outras emergências como também faz com que o socorro seja mais rápido” explicou João Paulo Carvalho a um reformado de Lamego.

 

Depois de percorrer 18 localidades em 14 dias, o balanço da iniciativa é manifestamente positivo. A interacção com mais de mil pessoas foi uma forma de garantir que, em caso de emergência, as pessoas estão munidas de mais informação que se pode revelar providencial. Segundo o Conselho Directivo Regional, este tipo de iniciativas serão para repetir, alterando o objecto mas mantendo o método e a proximidade, quer aos enfermeiros como também à população.

 

Veja já o resumo!

GCIN/RPR