Católica do Porto acolheu Fórum de Investigação em Enfermagem do Norte - Cuidar e Investigar

  • 17-11-2017

A investigação em enfermagem cumpriu, hoje, mais uma etapa no seu percurso de afirmação. Com o apoio da Universidade Católica do Porto (UCP-Porto), o Campus Foz desta instituição encheu-se de enfermeiros e de escolas superiores de enfermagem da região Norte, para um programa que abordou as diversas perspectivas, teóricas e práticas, sobre esta importante componente da nossa profissão.

 

Promovido pelo Conselho de Enfermagem Regional (CER) da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, o Fórum de Investigação em Enfermagem do Norte - Cuidar e Investigar contou, na sua sessão de apresentação com a presença de Ana Rita Cavaco. A bastonária da OE felicitou Helena Penaforte, do CER, e Margarida Vieira, da UCP-Porto, pela organização deste encontro e partilhou a sua visão sobre a questão da investigação, partindo da perspectiva que a enfermagem “evoluiu muito mais como profissão regulada, num curto espaço de tempo, do que todas as restantes”.

 

Recordando a importância que a autorregulação teve para a valorização dos enfermeiros, a bastonária reconheceu, todavia, que dadas as “condições que neste momento são oferecidas nos serviços”, a possibilidade de compatibilizar a prática clínica com a investigação “é muito difícil”. “Continuamos com um ratio baixíssimo, de 6,2 enfermeiros [por mil habitantes] quando a média europeia é de 9,2”, justificou.

 

A Ordem, segundo Ana Rita Cavaco, tem tomado iniciativas para valorizar este aspecto profissional, tendo solicitando no ano passado ao Ministério da Ciência e Ensino Superior que reconhecesse a enfermagem como área científica nos sistemas de classificação da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Da mesma forma que procurou que as escolas de enfermagem fossem incluídas nos Centros Académicos Clínicos que foram criados, mas essa integração só aconteceu em Lisboa. Além destas diligências, a bastonária defendeu a criação de um protocolo de ensaios clínicos com a Apifarma, uma vez que os enfermeiros “não são tidos nem achados” quando esses ensaios se realizam nos serviços. “Muitas vezes vemos os enfermeiros a serem chamados a colaborar sem saberem muito bem porquê e para quê”, acrescentou, reforçando que se trata de um trabalho com implicações éticas e legais acentuadas, além de ser um trabalho remunerado. “Para os enfermeiros não pode ser diferente”, concluiu, antecipando que está em curso a negociação com o representante da indústria farmacêutica para que esse protocolo formal exista. Entre vários exemplos representativos da evolução que profissão foi conhecendo nos últimos anos, Ana Rita Cavaco considerou importante ver a enfermagem reconhecida como ensino universitário, algo que não acontece e que resulta, na sua opinião, de uma “percepção errada” sobre o trabalho que os profissionais fazem ao nível do ensino pós-graduado. “Com certeza que muito já fizemos e vamos continuar a fazer para mudar essa percepção, mas temos de perceber onde é que temos de mudar. Só podemos mudar se passarmos a ser actores, a ser agentes da nossa própria mudança”, concluiu a bastonária.

 

Acompanharam a bastonária nesta sessão inaugural do Fórum a vogal da ARS-Norte, Paula Duarte, a presidente do CER, Helena Penaforte, e a diretora do curso de enfermagem da UCP-Porto, Margarida Vieira. O Fórum decorreu ao longo de toda esta sexta-feira, no Auditório Carvalho Guerra da UCP-Porto. Na sequência da sessão de abertura, Margarida Vieira protagonizou uma interessante palestra sobre as melhores práticas para a escrita e publicação de trabalhos de investigação. Seguiu-se Ana Paula França, docente da Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP) e especialista em bioética, que falou precisamente sobre as questões éticas mais relevantes que se colocam na investigação científica.

 

O Fórum concluiu-se, da parte de tarde, com um painel mais alargado sobre os “desafios e constrangimentos” que se colocam à investigação em enfermagem. José Ribeiro, enfermeiro-diretor do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa; Maria José Portela, enfermeira chefe do ACES Alto Tâmega e Barroso; Maria do Céu Barbieri, professora-coordenadora da ESEP; Helena Martins, responsável pela área de formação de enfermagem da Academia CUF no Hospital de Braga e Amélia Ferreira, enfermeira na ULS Matosinhos.

GCIN/RPR