Retenção de enfermeiros revela-se preocupante

  • 15-03-2019

Impedir que os enfermeiros deixem os seus empregos prematuramente é agora uma "questão crítica" para os governos em todo o mundo, à medida que a escassez de pessoal aumenta.

 

O alerta foi dado por Howard Catton, o novo director executivo do Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN), que destacou as previsões mais recentes que apontam a falta de nove milhões de enfermeiros até 2030.

 

A situação revela-se ainda mais preocupante uma vez que há o risco acrescido de se perderem enfermeiros mais rapidamente do que aqueles que se formam e licenciam. Inclusivamente, muitos dos que deixaram os seus postos de trabalho eram especialistas nas suas áreas, levando consigo décadas de experiência vital.

 

Catton sublinha que “esses enfermeiros são essenciais para a prestação de cuidados de saúde de qualidade e segurança elevadas, mas também para ensinar, apoiar e orientar as próximas gerações”.

 

As conjecturas foram apresentadas no Fórum Internacional de Força de Trabalho do ICN, realizado em Beirute (Líbano), no mês passado.

 

Enfermeiros directores e Enfermeiros chefes do Canadá, Dinamarca, Japão, Suécia e Líbano reuniram-se com o intuito de debater a escassez global de profissionais de enfermagem.

 

Uma das grandes conclusões obtidas foi que, na maioria dos países, cerca de 1/3 dos enfermeiros manifesta intenção de abandonar a sua profissão. Simultaneamente, o grupo definiu uma lista de problemas que afectam comumente os enfermeiros em todo o mundo:

- escassez de pessoal;

- condições de trabalho precárias;

- maior violência no local de trabalho;

- horas extraordinárias obrigatórias;

- problemas com recrutamento e retenção de profissionais;

- remuneração injusta, desigual e inadequada.

 

“Não há uma resposta única para o problema da falta de enfermagem, (…) precisamos implantar uma série de acções para promover ambientes de trabalho positivos e de apoio, incluindo um pagamento justo, pessoal seguro, profissional, o desenvolvimento de carreira, e a ausência de violência, intimidação e assédio”, afirmou Howard Catton.

 

Em sintonia, Myrna Abi Abdallah Doumit, presidente da Ordem dos Enfermeiros do Líbano, disse que a existência de ambientes de trabalho seguros e sustentáveis, pacotes financeiros apropriados e respeito são fundamentais para a retenção dos enfermeiros.

 

Os membros do fórum reconheceram igualmente a necessidade de desenvolver “políticas progressistas” para ajudar a atender às expectativas dos enfermeiros mais jovens para incentivá-los a permanecerem na profissão.

 

Os desafios enfrentados pelos sistemas de saúde, incluindo o envelhecimento da população e o impacto da inteligência artificial na saúde e no bem-estar foram outros dos assuntos em debate neste encontro. Também se assinalou que o objectivo da cobertura universal de saúde só será alcançado com um número adequado de enfermeiros, incluindo enfermeiros que exerçam a um nível avançado.

 

Como nota final, o Fórum elogiou o Conselho Executivo da Organização Mundial de Saúde, e o seu Director-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, por propor que 2020 seja designado como Ano dos Enfermeiros e das Parteiras.

 

Consulte o comunicado deste Fórum aqui.

GCI/PR