Novos paradigmas entre os enfermeiros millennials

  • 22-03-2019

Segundo o relatório da consultora americana Press Gaine, Optimização da Força de Trabalho de Enfermagem: Principais Factores de Intenção de Permanência para Enfermeiros Recém-Licenciados e Experientes, é necessário adoptar estratégias direccionadas para envolver e reter com sucesso os enfermeiros recém-licenciados e os mais experientes para o sucesso da entidade de saúde em causa.

 

Christy Dempsey, directora chefe de enfermagem da Press Ganey – consultora que ajuda as organizações de assistência médica a melhorarem a segurança, qualidade e o atendimento – refere que a “enfermagem está numa encruzilhada crítica”.

 

Além da insatisfação com o ambiente de trabalho ser o motivo mais comummente citado pelos mais de 250 mil enfermeiros inquiridos para deixar o seu emprego no próximo ano, tal rotatividade poderá custar às organizações muitos milhões de euros por ano.

 

Reconhecendo que os “enfermeiros millennials [nascidos entre 1980 até inícios de 1990] são muito diferentes das gerações anteriores”, Dempsey assinala que os recém-licenciados valorizam mais o equilíbrio entre a vida profissional e vida pessoal, ao contrário dos baby boomers, para quem o trabalho era a sua vida. Efectivamente, os enfermeiros mais jovens não tendem a ficar nos seus empregos por muito tempo, enquanto os baby boomers, muitas vezes, passam toda a carreira numa única unidade.

 

Entre os indicadores avaliados para identificar quais os enfermeiros que têm maior probabilidade de permanecer nos seus empregos ou com uma organização a longo prazo, destacam-se a satisfação e alegria no trabalho, mas também pessoal adequado, apoio e gestão eficaz e coesão em equipas de trabalho.

 

De acordo com a análise, 42% dos enfermeiros entrevistados disseram que o ambiente de trabalho era o principal motivo pelo qual planeavam deixar o emprego no próximo ano. Dos entrevistados com menos de 30 anos de idade, 39,7% disseram que pretendiam deixar os seus empregos no próximo ano devido ao ambiente de trabalho, em comparação com 45,4% dos enfermeiros com idade entre os 40 e 49 anos.

 

Paralelamente, os enfermeiros recém-licenciados e aqueles que praticam há dois a quatro anos manifestaram maior probabilidade de desgaste e, consequentemente, maior rotatividade, planeando mudar de emprego.

 

O apoio do enfermeiro-chefe, a alegria no trabalho, o elogio e o reconhecimento são os principais drivers de retenção para enfermeiros recém-licenciados, enquanto a qualidade de atendimento e oportunidades de desenvolvimento de carreira são fortes impulsionadores de retenção entre enfermeiros experientes.

 

O estudo também identificou que os enfermeiros nas unidades cuidados continuados e de cirurgia de adultos eram mais propensos a dizer que iriam sair do local de trabalho dentro de um a três anos. "Estas são unidades difíceis e exigentes, com pacientes doentes e menos pessoal do que uma unidade de cuidados intensivos", destaca Dempsey. "Precisamos ter certeza de que há forte apoio das chefias para essas unidades, processos eficientes e que mantemos os enfermeiros junto dos pacientes”.

 

“Dado o papel crítico que os enfermeiros desempenham no cumprimento da promessa de cuidados seguros, de alta qualidade e centrados no paciente, os líderes das unidades de saúde devem reconhecer as diversas necessidades de uma força de trabalho multigeracional e desenvolver estratégias de recrutamento e uma cultura estimulante para atrair, envolver e reter os melhores talentos em enfermagem”, sublinha Christy Dempsey.

 

Para preservarem os enfermeiros nas suas equipas, os enfermeiros-chefe e directores devem, primeiramente entender que os factores de satisfação e alegria ocorrem ao longo de todo o ciclo de vida da enfermagem, e que nem todos somos motivados pela mesma coisa. Depois terão que contratar as pessoas certas. Isso significa encontrar o equilíbrio correcto entre enfermeiros recém-licenciados e mais experientes, pois a contratação de mais jovens enfermeiros apenas para preencher postos pode aumentar a rotatividade. Dempsey afirma que é necessário certificarem-se que vão “contratar alguém que não seja apenas clinicamente competente, mas que também defenda os valores da organização.

 

Os administradores das entidades prestadoras de cuidados de saúde também devem explorar formas de oferecer maior flexibilidade nos escalonamentos e benefícios para aumentar a retenção, criar ambientes de trabalho positivo e apoiar e fomentar metas profissionais e de carreira. Isso é especialmente verdadeiro para os enfermeiros mais jovens, que valorizam mais o equilíbrio entre vida profissional e vida pessoal.

 

Consulte o relatório completo aqui.

GCI/PR