Impacto das medidas anti Covid-19 na saúde mental

  • 23-07-2020

“Aprender com o impacto das medidas Covid-19: encontrar o equilíbrio entre a saúde física e mental” foi o mote para uma reunião virtual co-organizada pela MEP Alliance for Mental Health (Grupo de Interesse do Parlamento Europeu em Saúde Mental, Bem-Estar e Distúrbios Cerebrais), pela GAMIAN-Europe (Aliança Global de Redes de Defesa contra as Doenças Mentais – Europa) e pela EPA (Associação Psiquiátrica Europeia) no passado dia 15 de Julho.

 

Apesar de vermos que, em muitos países, se regressa a um certo nível de normalidade, o impacto e efeitos da pandemia - em particular o resultante das medidas tomadas para melhor a gerir e controlar - não são de forma alguma negligenciáveis. 

 

Uma constatação que está em consonância com o aviso severo da Organização das Nações Unidas (ONU) que alerta para o facto de todo o mundo “enfrentar uma pandemia de problemas de saúde mental provocada pela situação do coronavírus”.

 

Embora os governos e as autoridades tenham tomado medidas para proteger a saúde física dos seus cidadãos, estas medidas, por outro lado, tiveram e estão a ter impactos na saúde mental.

O que significa, por exemplo, quando os avós não podem ver os netos durante um período de tempo prolongado - e vice-versa? E como lidar com a morte de familiares, não podendo estar presentes para uma despedida?

 

As consequências do “isolamento obrigatório”, do “distanciamento social” e dos “bloqueios económicos” tornar-se-ão visíveis em breve.

 

Em termos da influência das medidas, durante a reunião foi dada uma atenção específica ao fluxo e conteúdo das informações fornecidas ao público em geral. Além disso, a forma como os cuidados - bem como o acesso aos cuidados - foram organizados durante a crise também foi discutida, tomando como ponto de partida para a discussão as opiniões das pessoas afectadas por problemas de saúde mental, bem como as dos seus cuidadores familiares.

 

Com os contributos de diversos intervenientes, como dos co-presidentes da MEP Alliance for Mental Health, houve uma riqueza de diferentes experiências, pontos de vista e recomendações de acção. 

 

Congratulando-se com a reunião e o claro interesse dos Membros do Parlamento Europeu (MEP), a Presidente da GAMIAN-Europe, Hilkka Karkkainen, declarou que a reunião serviu para sublinhar a necessidade de pôr em prática medidas que mantenham proactivamente a saúde mental e previnam a doença mental, tanto agora, como no futuro. Ela também salientou que ”a crise da Covid-19 pôs verdadeiramente em destaque a saúde mental em toda a União Europeia (UE) e, de facto, no mundo - apenas enfatizando a necessidade de uma Estratégia de Saúde Mental da UE abrangente, tal como solicitado pelos Eurodeputados, bem como pelos Estados Membros”.

 

O co-organizador Philip Gorwood, Presidente da Associação Psiquiátrica Europeia, sublinhou que a Covid-19 criou uma crise sem precedentes que preocupou todos, mas ainda mais aqueles com perturbações mentais. A fim de enfrentar este problema, declarou, foram feitos esforços, principalmente através de uma maior colaboração entre as forças de trabalho da saúde mental. Uma vez que este novo desafio ainda não foi resolvido, a Associação Psiquiátrica Europeia tem o prazer de continuar a trabalhar com todos os intervenientes envolvidos, para assegurar o melhor tratamento possível em todas as situações.

 

A Aliança MPE para a Saúde Mental reunirá agora o resultado das discussões num Call to Action (apelo à acção) que será endossado pelos participantes e utilizado como uma ferramenta concreta de defesa e de sensibilização.

 

Com esta reunião proporcionou-se uma plataforma para cerca de 130 representantes de organizações de doentes, prestadores de cuidados e profissionais de saúde discutirem que lições podem ser aprendidas com o impacto das medidas até à data.

 

Saiba mais sobre esta iniciativa aqui.

 

GCI/MA e PR