Escusas de responsabilidade no Centro Hospitalar de Leiria

  • 22-10-2021

A Secção Regional do Centro (SRCentro) da Ordem dos Enfermeiros (OE) recebeu mais de 133 pedidos de exclusão de responsabilidade de Enfermeiros do serviço de Urgência do Hospital de Santo André – Centro Hospitalar de Leiria (CHL). Tal acontece após a SRCentro visitar este serviço.  

 

Conscientes que a dotação das equipas de Enfermagem estão significativamente abaixo do rácio recomendado pelo Regulamento nº 743/2019, de 25 de Setembro de 2019 da OE, estes Enfermeiros manifestaram não estar em “condições de assegurar a vida e a segurança das pessoas e a qualidade dos cuidados de Enfermagem” prestados à população que servem.

 

Apesar de os Enfermeiros fazerem todos os esforços para evitar qualquer incidente ou acidente, a pressão existente, derivada da COVID-19 e da aproximação do período de maior afluência às urgências, com a chegada do Inverno e dos surtos de Gripe, leva ao esgotamento dos (poucos) recursos humanos e técnicos disponíveis.

 

Ricardo Correia de Matos, Presidente do Conselho Directivo da SRCentro, revela que “os colegas atingiram o limite da condição humana. Os problemas dos serviços de urgência decorrem da última reforma da rede de urgências, na qual vários serviços foram encerrados; da ineficiência dos cuidados de saúde primários; do encerramento de milhares de camas hospitalares na última década e da incapacidade da rede de cuidados continuados dar resposta ao número de doentes.

 

Conhecemos muito bem esta realidade. Mas não podemos aceitar que sejam os enfermeiros, em número muito deficitário, relembro que Portugal tem dos rácios mais reduzidos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) a suportar todas estas deficiências, com grave prejuízo para os próprios, para a profissão e para os doentes.

 

Sempre que uma equipa de enfermagem trabalha em número deficitário, coloca em risco os enfermeiros. Isto tem de acabar!”.

 

“Esta situação não será exclusiva do CHL. Acredito que, em breve, muitos outros colegas irão adoptar a mesma posição porque estamos numa situação limite. O Governo insiste em não cumprir qualquer número de dotações seguras, neste, ou em qualquer outra instituição hospitalar do nosso país.

 

Nem mesmo depois de toda a entrega que os Enfermeiros tiveram para com os portugueses no período mais negro da pandemia, vemos reconhecido e valorizado o nosso trabalho”, conclui Ricardo Correia de Matos.

GIC/MA e PR