Dia Mundial da Tuberculose - Texto do Conselho de Enfermagem - Grupo de Trabalho «Enfermeiros Unidos na Luta contra a Tuberculose - STOP Tuberculose»

Dia Mundial da Tuberculose - Texto do Conselho de Enfermagem - Grupo de Trabalho «Enfermeiros Unidos na Luta contra a Tuberculose - STOP Tuberculose»

A tuberculose (TB) tem acompanhado a evolução das sociedades humanas. Considerada durante alguns anos uma doença em declínio nos Estados Unidos da América e Europa Industrializada, sofreu desde 1985 uma proliferação preocupante. Estão indicados como factores contribuintes para esta proliferação o empobrecimento da população e as situações de exclusão social, como a toxicodepêndencia. Apontam-se ainda como responsáveis os movimentos migratórios das populações, a desactivação parcial das medidas de luta anti-tuberculosa e a pandemia da infecção VIH. Assim, a TB é uma emergência global, encontrando-se sem controlo em muitas partes do mundo.

Foram calculados pela OMS 8.8 milhões de novos casos de TB em 2003 (140 / 100 mil habitantes), dos quais 3.9 milhões (62 / 100 mil habitantes) eram bacilíferos e 674 mil (11 / 100 mil habitantes) estavam infectados pelo VIH. O número total de casos era de 15,4 milhões (245 / 100 mil habitantes), dos quais 6.9 milhões eram bacilíferos (109 / 100 mil habitantes). Estima-se que 1.7 milhões de pessoas (28 / 100 mil habitantes) morreram por TB em 2003 (229 mil), incluindo os casos de co-infecção pelo VIH (WHO Tb report 2005).

São assinalados como principais factores para a propagação da doença e o desenvolvimento de formas de TB multi-resistente (TBMR), os casos de tuberculose não detectados ou inadequadamente tratados, resultantes de gestão ineficaz do plano terapêutico da TB. Mais recentemente, a emergência de tuberculose extensivamente resistente (XDR-TB) veio adicionar-se à complexidade dos cuidados e tratamento da TB (CIE, 2008).

Em face da ameaça da epidemia e, particularmente, da TB multi-resistente (TBMR) que, nos países do Centro e Leste europeu atinge a maior prevalência do mundo, a OMS apelou a todos os Estados-membros da Europa, no sentido de assegurarem a maior prioridade para a TB nos programas de saúde e de desenvolvimento.

Todos os anos se celebra, a 24 de Março, o dia em que o Dr. Robert Koch (em 1882), descobriu a causa da Tuberculose: o bacilo de Koch. Foi o primeiro passo para a cura da TB. Contudo, passados 126 anos desta descoberta e cerca de 60 anos de uso de antibióticos altamente eficazes, a incidência tem vindo a aumentar em termos globais.

Portugal é o país da Europa Ocidental com maior incidência de TB, e onde a toxicodependência e infecção VIH / SIDA têm maior expressão como factores determinantes. Em 2007 foram diagnosticados 3.158 casos de Tuberculose, incluindo casos novos e retratamento, dos quais 2695 (86,3%) eram nacionais e 422 imigrantes, estando 80% nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Para combater a doença em Portugal foram estabelecidas como áreas prioritárias para 2007-2008:
1. - TBMR, intervenção para a sua eliminação como problema de Saúde Pública;
2. - DOTS, consolidação e expansão da Estratégia;
3. - TB / VIH, actividades colaborativas.

O controlo da TB envolve todos os níveis do sistema de saúde – responsáveis nacionais e internacionais pela tomada de decisão política, coordenadores regionais e distritais para a TB e enfermeiros de cuidados diferenciados à pessoa com TB, bem como enfermeiros de Cuidados de Saúde Primários.

Em todo o mundo, os enfermeiros desempenham um papel significativo no controlo da TB sensível e TB resistente a fármacos. Para serem eficazes nas suas intervenções, os enfermeiros têm de compreender a doença, reconhecer os sinais e sintomas e participar activamente no estabelecimento de programas eficazes de controlo da TB apoiando na adesão ao plano terapêutico (CIE, 2008). Os enfermeiros podem maximizar o seu papel e ter um impacto real nas práticas de controlo da TB (CIE, 2008), adaptando as normas para as melhores práticas, recomendadas pelo ICN, aos ambientes locais e fazendo a defesa de programas sustentados de controlo da TB.

O enfermeiro generalista constitui a primeira linha de defesa no controlo da TB a nível mundial e este importante papel tem de ser reconhecido e reforçado. Contudo, os enfermeiros também têm de ser protegidos enquanto cuidadores, através da instituição de programas de protecção dos profissionais, para melhorar a sua capacidade para a prestação de cuidados de elevada qualidade. A avaliação continuada das acções de controlo da TB, garante a eficácia e permite a melhoria continuada do processo, no qual os enfermeiros poderão ser uma mais-valia pela visão global e integradora da prestação de cuidados (CIE, 2008).

Enf.ª Helena Pestana, Coordenadora do Projecto  «Enfermeiros Unidos na Luta contra a Tuberculose - STOP Tuberculose»,  Conselho de Enfermagem, Ordem dos Enfermeiros.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Conselho Internacional de Enfermeiras (2008) – Linhas de orientação para enfermeiros no cuidado e controlo da tuberculose e da tuberculose multirresistente.
WHO Report 2005, Global Tuberculosis Control: Surveillance, Planning, Financing.

Março de 2009

 

Divulgado no Espaço Cidadão a 21.05.2009

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