Dia Internacional da Pessoa Idosa - Texto CEEC

Dia Internacional da Pessoa Idosa - Texto CEEC

Perspectiva-se que o século XXI será o século dos idosos, pelo envelhecimento em curso nos países desenvolvidos e pelo rápido envelhecimento que se projecta para os países em desenvolvimento. Este aumento demográfico é um símbolo do êxito conquistado no passado e um desafio para o futuro com repercussões na sociedade, influenciando a organização social dos ciclos de vida, os mercados de trabalho, os sistemas de saúde e a gestão do território.

Nos últimos 40 anos a população idosa portuguesa duplicou. Presentemente, representa cerca de 17.1% da população total e nas previsões do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o ano 2050 corresponderá a 32% do total da população do país. Portugal será, então, o quarto país da União Europeia com maior percentagem de idosos.

O envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda de capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos (Netto, 1996, p. 44)

Como poderemos definir «IDOSO»?
Se o critério mais usado tem sido a idade cronológica, esta mostra-se insuficiente, pois não há consenso sobre qual a data de início desta fase da vida. Por critérios de funcionalidade nas sociedades industrializadas, em que o trabalho produtivo é a marca de qualidade, convencionou-se chamar idoso ao indivíduo que atingiu a idade da reforma e, por conseguinte, afastamento da actividade laboral.

O envelhecimento não é um problema, mas uma parte natural do ciclo de vida, sendo desejável que constitua uma oportunidade para viver de forma saudável e autónoma o mais tempo possível, o que implica uma acção integrada ao nível da mudança de comportamentos e atitudes das populações em geral e dos profissionais de saúde em particular, de forma a acompanhar o envelhecimento individual e demográfico a um ajustamento do ambiente às fragilidades mais frequentes da idade avançada.

Os indicadores mostram um aumento de procura dos cuidados de saúde, por parte das pessoas com 65 e mais anos de idade, daí, que um «envelhecimento bem sucedido» é essencial para que as pessoas mais idosas possam manter uma qualidade de vida aceitável e continuar a assegurar os seus contributos na sociedade, uma vez que pessoas idosas activas e saudáveis, para além de se manterem autónomas, constituem um importante recurso para as suas famílias, comunidade e para a economia de um país.

A promoção da saúde e os cuidados de prevenção dirigidos às pessoas idosas, aumentam a longevidade e melhoram a qualidade de vida. Está comprovada a eficácia que a prevenção dos factores de risco comuns a várias patologias incapacitantes de evolução prolongada têm na tarefa de bem envelhecer, pelo que é prioritária uma acção concertada que integre dimensões como, a alimentação, a actividade física, os hábitos quotidianos, o funcionamento mental, as relações sociais, o controlo dos factores de stresse, o consumo de tabaco e álcool….. . A este respeito, existem, no entanto, muitos outros factores que a(o) enfermeira(o) deve identificar como a segurança, a inadaptação dos ambientes, a violência, a negligência, os abusos físicos e psicológicos, sexuais e financeiros. Neste sentido, acções multidisciplinares e multissectoriais integradas concorrem para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar das pessoas idosas.

Apesar da compreensão positiva do envelhecimento humano, não podemos deixar de reconhecer que determinados acontecimentos de pendor negativo se instalam nesta fase da vida e que afectam muitas áreas do funcionamento físico, mental e social das pessoas idosas. Assim, os enfermeiros devem ter especial atenção à diminuição da capacidade auditiva e visual, à saúde oral (com repercussão negativa nas interacções sociais), ao estado nutricional e que comprometem o equilíbrio bio-psico-social do idoso.

No cumprimento do Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas da Direcção-Geral de Saúde, o enfermeiro, integrado numa equipa multidisciplinar, pela natureza dos cuidados de Enfermagem integra a variabilidade individual do processo de envelhecimento e assume primordial importância na:
      - Promoção de um envelhecimento activo ao longo da vida;
      - Prestação de cuidados de saúde, segundo as necessidades individuais e especificas das pessoas idosas;
      - Promoção e desenvolvimento intersectorial de ambientes capacitadores da autonomia e independência das pessoas idosas.

Comissão de Especialidade de Enfermagem Comunitária

 

Divulgado no Espaço Cidadão em 01.10.2008 

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