Dia Internacional da Juventude 2009

Dia Internacional da Juventude 2009

Comemora-se a 12 de Agosto o Dia Internacional da Juventude, designado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1998. Esta efeméride não poderia passar despercebida à Ordem dos Enfermeiros, pois a adolescência / juventude é um período do ciclo de vital de elevada importância, já que nesta fase acontecem grandes mudanças no ser humano, quer ao nível do aspecto físico, quer no plano psicológico.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), adolescente é o indivíduo que se encontra entre os 10 e os 20 de idade. Daniel Sampaio define adolescência como sendo uma etapa do desenvolvimento, que ocorre desde a puberdade à idade adulta, ou seja, desde a altura em que as alterações psico-biológicas iniciam a maturação sexual até à idade em que um sistema de valores e crenças se enquadra numa identidade estabelecida.

Muitas culturas reconhecem pessoas como «tornando-se adultas» em variadas idades, existindo mesmo rituais de passagem com cerimónias de transição ou de apresentação à sociedade. Também a legislação de cada país prevê diferentes idades para assumir a responsabilidade legal dos actos, sendo esta a idade formal de maioridade, quando adolescentes passam a ser tratados como adultos em termos sociais e políticos.

Os aspectos físicos da adolescência (crescimento, maturação sexual) são componentes da puberdade, vivenciados de forma semelhante por todos os indivíduos. As dimensões psicológica e social são vivenciadas de maneira diferente em cada sociedade, em cada geração e em cada família, e de modo singular por cada indivíduo. É neste contexto de alteração do próprio corpo e também de uma maturação ao nível do intelecto (operações formais e abstractas), que o adolescente procura entender quem é e qual o seu papel na sociedade em que vive, interessando-se por problemas de ordem moral e ética e, envolvendo-se mesmo na defesa de valores, princípios e ideologias.

Actualmente, o conceito mais aceite é que não existe adolescência, mas sim adolescências em função dos momentos político, social e do contexto em que o adolescente está inserido. A adolescência guarda ainda especificidades em termos de género, classe, etnia e cultura.

A adolescência é, assim, um período de transição entre a infância e a idade adulta, começando num acontecimento biológico, a puberdade, e terminando num acontecimento psicossocial, a independência em relação aos pais. Sendo este período marcado por grandes transformações físicas, cognitivas e intelectuais que apenas termina quando o indivíduo define a sua identidade e assume as responsabilidades no seu papel de adulto, com significados e interpretações diferentes dependendo da época e da cultura na qual está inserido.

É um período difícil, mas de grandes e importantes vivências devido às alterações abruptas a vários níveis e desafios e problemas cuja resolução vai marcar a vida futura. O jovem parte em busca de emoções, sensações, mergulha nos seus desejos e entrega-se à sua vontade. O adolescente tende a ir de encontro à sua identidade, conhecê-la e aperfeiçoá-la, conforme o seu grupo de amigos. É nesta altura que os jovens têm mais tendência para adoptarem estilos de aparência e de vida que, em princípio e na maioria das vezes, tendem a desaparecer com o passar dos anos.

Sendo geralmente considerada como uma etapa do ciclo de vida com menor vulnerabilidade à doença, a adolescência é, no entanto, um período crítico na cronologia da saúde. É que muitas escolhas com impacto na saúde são feitas durante esta etapa da vida, como por exemplo o consumo de substâncias. A dualidade entre o amadurecimento do corpo e amadurecimento psicológico frequentemente causa certa susceptibilidade à instabilidade emocional que pode conduzir ao consumo de substâncias, a problemas mentais ou distúrbios alimentares, e a problemas sociais como a gravidez na adolescente. O processo de construção da identidade pessoal e de emancipação face à família, a crescente importância que atribui ao grupo de pares, e a necessidade da experimentação por acreditar que é especial, que as suas experiências são únicas e que não se regem pelas regras que se aplicam aos outros, podem ser factores facilitadores para adopção de diversos comportamentos de risco.

Os profissionais de saúde, em geral, e os enfermeiros, em particular, têm um papel preponderante como formadores dos jovens no acompanhamento do seu processo de construção identitária e na prevenção de comportamentos de risco que poderão comprometer a sua saúde e o seu projecto de vida, ou seja o seu futuro.

Na nova perspectiva da reforma dos cuidados de saúde primários, nomeadamente na Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC), dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), sob a coordenação e responsabilidade do enfermeiro, está criado o enquadramento legal, que permite valorizar e aproveitar tão distinta oportunidade. É que, em articulação com demais grupos socioprofissionais, o enfermeiro deverá desenvolver um trabalho de parceria, envolvendo toda a comunidade escolar e os diferentes elementos da comunidade local, e de modo particular a participação activa dos jovens em todo o processo, desde o diagnóstico das necessidades à avaliação, contribuindo decerto para o desejável investimento em estilos de vida saudáveis e o desenvolvimento de ambientes de suporte à construção da sua identidade.

Acreditamos que oferecer aos jovens formação / educação permite que os mesmos iniciem a vida adulta fortalecidos, com uma visão crítica dos problemas sociais e entendendo melhor os diversos aspectos da cidadania. Tendo como premissa que o investimento nos jovens é um começo para uma preparação e actuação futura repleta de desafios a serem superados, importa criar condições para a aquisição de competências que lhes permitam atingir a plena realização pessoal e profissional e um elevado nível de saúde.


A Comissão de Especialidade de Enfermagem Comunitária
CEEC

 

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