O papel dos enfermeiros na promoção de uma alimentação saudável - Texto formulado pela Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem Comunitária

O papel dos enfermeiros na promoção de uma alimentação saudável - Texto formulado pela Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem Comunitária

 «A obesidade infantil é um problema de Saúde Pública. Em Portugal, cerca de uma em cada três crianças com idades compreendidas entre os seis e os oito anos de idade apresentam excesso de peso ou são já obesas».

O último relatório do sistema de vigilância da obesidade infantil, publicado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, revela que de acordo com os critérios de classificação em vigor (CDC) 32,2 por cento das crianças apresentam excesso de peso e destas 14,6 por cento são obesas.

Sabe-se que este fenómeno está associado a uma alteração substancial dos estilos de vida de crianças e famílias e à maior disponibilidade alimentar (anterior à presente crise económico-social), em particular de alimentos com elevada densidade energética. A forma como nos organizamos socialmente, a ocupação e gestão do território urbano, o sistema de transportes, e a preferência por actividades de lazer que não implicam movimento ou um dispêndio energético mais elevado contribui para a reduzida atividade física. De facto, os habituais jogos que ocupavam os tempos livres dos pais na rua foram preteridos nos últimos anos, por jogos ligados à informática, e realizados na “comodidade” de um qualquer assento em casa.

Desde há muito que os enfermeiros, nomeadamente, de Cuidados de Saúde Primários, desenvolvem projectos de saúde junto da população na promoção de uma alimentação saudável e na adoção de estilos de vida saudáveis. Estes projectos podem estar, ou não, integrados em Programas Nacionais de Saúde: Saúde Escolar, Saúde Infantil, Saúde Materna ou Saúde do Adulto.

O papel primordial dos enfermeiros tem sido o da promoção da saúde com enfoque na prevenção primária em todas as etapas do ciclo de vida da população.

No entanto, as intervenções centradas na escola, como a promoção de estilos de vida e hábitos alimentares saudáveis, a distribuição de fruta e legumes, o fornecimento de refeições equilibradas só resultará se consubstanciada na práxis familiar, seja pela prática de atividades físicas da família (caminhar, nadar, andar de bicicleta), seja por alimentação equilibrada que modelem o comportamento das crianças. Ou seja, mudando, efectivamente, os comportamentos.

A Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem Comunitária

Ana Saianda