Dia Mundial da Saúde Mental 2014

Dia Mundial da Saúde Mental 2014



A celebração do Dia Mundial da Saúde Mental visa chamar a atenção pública para a questão da saúde mental global e identificá-la como uma causa comum a todos os povos, ultrapassando barreiras nacionais, culturais, políticas ou socioeconómicas.

A Ordem dos Enfermeiros e, em particular o Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, entendem não poder deixar de aproveitar o Dia Mundial da Saúde Mental para dar relevo a este aspeto crucial para o bem-estar humano, solidarizando-se com outras organizações como a OMS.

A Organização Mundial da Saúde considera a saúde mental uma prioridade e defende que a mesma não é estritamente um problema de saúde.

As perturbações de natureza mental estão a crescer e os distúrbios mentais, independentemente da sua gravidade, são uma das principais doenças incapacitantes do século XXI. Sabemos que tem vindo a aumentar o número de casos de depressão, constituindo-se já como a segunda causa de incapacidade na União Europeia.

A Federação Mundial da Saúde Mental defende que a chave para manter o investimento na saúde mental é intensificar os esforços de advocacia e defesa. Os decisores políticos e o público em geral estão apenas parcialmente cientes de vários factos, nomeadamente de que os transtornos mentais são frequentes, causam um significativo peso social e à comunidade e ainda que o tratamento eficaz da maioria dos transtornos mentais é possível. A imagem de doença mental é incorretamente associada a imagens de violência e preguiça em vez de se perceber o sofrimento, a marginalização e a negação de direitos básicos.

Quanto à Saúde Mental em Portugal, um estudo da Direção-geral de Saúde mostra que Portugal lidera a lista dos países europeus com maior número de casos de perturbações mentais. Os mais afetados são as mulheres, quando se comparam os sexos, e as pessoas com menos educação e dinheiro, quando o critério é a posição social.

Em tempos de crise, designadamente de dificuldades financeiras, frequentemente geradoras de profundas alterações, impõem-se reajustamentos quer a padrões de funcionamento, quer a projetos de vida, exigindo a toda a sociedade uma adaptação e flexibilidade para se manter o que nos é mais importante e encontrar novos desígnios.

«Viver com esquizofrenia» é o foco selecionado pela Organização Mundial de Saúde para o Dia Mundial da Saúde Mental 2014. A OMS advoga: viver uma vida saudável com esquizofrenia.

Em Portugal, existem cerca de 100 mil pessoas com o diagnóstico médico de esquizofrenia, ou seja, cerca de um por cento da população nacional, números que acompanham a prevalência a nível mundial.

Sabemos que o consumo de drogas e/ou o «stress» agravam a expressão da doença.

Esta é uma doença cujo início é geralmente precoce, entre os 16 e 25 anos, embora segundo um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde, os 7 a 14 novos casos, que surgem todos os anos, e por cada 100 mil habitantes, têm idades que estão compreendidas entre os 15 e os 54 anos.

É uma doença mental caracterizada pela presença de alucinações, delírio e alterações várias nas capacidades de comunicação, afetos e pensamento.

A gravidade dos sintomas exigem um acompanhamento próximo pelo que é indispensável pensar-se em questões como a acessibilidade e a continuidade de cuidados. Mas é igualmente imprescindível abordar a necessidade de se assegurar a possibilidade de realização pessoal, de incrementar projetos de vida, além da doença. Falamos de promover e defender o direito de cada um à sua saúde mental, à sua autonomia, a desenvolver-se como pessoa e cidadão. 

O impacto da recessão económica é mais acentuado nas pessoas que já desenvolveram uma doença mental. Há fortes evidências que em praticamente todos os cantos do mundo em períodos de crises económicas os serviços mais reduzidos são os que se destinam a pessoas com transtornos psiquiátricos. Na verdade, é paradoxal que as pessoas que precisam de mais apoio durante estes períodos recebem menos atenção.

Por isso, é tarefa dos profissionais de saúde em geral e dos Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, individualmente e como organização, defender os direitos dos cidadãos com doença mental grave, tornando-se a sua voz e, mais do que isso, capacitando-os a terem uma forte voz própria.

A Mesa do Colégio de Saúde Mental e Psiquiátrica.

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