«Separados Nós» deu início a Ciclo de Cinema que pretende chamar a atenção para as problemáticas da Saúde Mental

«Separados Nós» deu início a Ciclo de Cinema que pretende chamar a atenção para as problemáticas da Saúde Mental

PRÓXIMAS SESSÕES A 18 E 25 DE NOVEMBRO
BIBLIOTECA MUNICIPAL ORLANDO RIBEIRO (ESTRADA DE TELHEIRAS) E CINEMA SÃO JORGE (AVENIDA DA LIBERDADE)

Lisboa, 12 de Novembro de 2009 - Teve ontem início o Ciclo de Cinema de Saúde Mental, uma iniciativa organizada em conjunto pela Ordem dos Enfermeiros (Comissão de Especialidade de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica) e pela Câmara Municipal de Lisboa (Departamento de Acção Social). «Separados Nós», do realizador António Escudeiro, foi o filme que estreou uma actividade que visa assinalar o Dia Mundial da Saúde Mental 2009, assinalado a 10 de Outubro.

Filmado na Casa de Saúde do Telhal em 1999, o documentário em causa retrata o dia-a-dia das pessoas com doença mental e institucionalizadas. O seu acordar, hábitos de higiene, o acto de vestir, o momento das refeições, a medicação, relação com os outros, a execução de tarefas domésticas e de trabalhos de expressão plástica, a explicação do motivo por que estavam, à época, institucionalizados. Estes são alguns dos aspectos abordados no «Separados Nós», um filme que trouxe à discussão uma realidade que actualmente já não existe, mas que não está totalmente resolvida por existirem ainda carências relativamente aos serviços de Saúde Mental.

Conforme explicou a Enf.ª Maria José Viana Almeida, especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica, as alterações legislativas ocorridas nos últimos 10 anos vieram alterar questões como o internamento compulsivo de pessoas com doença mental e a sua institucionalização ad eternum (a não ser quando os mesmos representam perigo para os próprios ou para terceiros). Contudo, ainda não estão no terreno todas as vertentes contempladas no Plano Nacional de Saúde Mental, as quais permitem «dar respostas diferentes às diferentes necessidades destas pessoas» e suas famílias. E o receio é de que, sem respostas, estas situações se agravem.

Presente igualmente no debate que se seguiu à exibição do filme, António Escudeiro, realizador da película, referiu a comoção que ainda hoje sente quando recorda as pessoas que conheceu aquando da elaboração do «Separados Nós».

Por sua vez, Pedro Sena Nunes, realizador, docente e programador de cinema, salientou a importância dos documentários no panorama cinéfilo português, pois «recolocou o interesse do público em temas mais próximos de cada um de nós».

Por último, o Enf. António Nabais, Presidente da Comissão de Especialidade de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica da Ordem dos Enfermeiros, lembrou que esta é uma área em que «não é necessário grande investimento tecnológico, mas sim de pessoas» - quer sejam profissionais ou famílias».

A encerrar o debate, a Enf.ª Maria Augusta Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, felicitou a pertinência do Ciclo de Cinema de Saúde Mental e reafirmou a necessidade de todos darem o seu contributo para melhorar as intervenção ao nível da Saúde Mental. No que diz respeito à Ordem dos Enfermeiros, o seu contributo pauta-se pela organização de iniciativas deste tipo e pela intervenção junto dos decisores políticos. 

Também esteve presente a Dr.ª Maria João Frias, do Departamento de Acção Social da Câmara Municipal de Lisboa.

Recordamos que o Ciclo de Cinema de Saúde Mental terá continuidade na próxima quarta-feira, dia 18 de Novembro, com a exibição, pelas 21H00, de «Os Respigadores e a Respigadora», de Agnés Varda, na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras.

A película «O Quarto do Filho», de Nanni Moretti, encerrará o ciclo no dia 25 de Novembro, no mesmo horário das exibições anteriores, mas desta vez no Cinema São Jorge, em Lisboa.

Estas sessões cinéfilas têm entrada livre e são comentadas por enfermeiros especialistas, um psicanalista, directores de fotografia, realizadores e críticos de cinema.

 

lneves