Presente na Cerimónia de Vinculação à profissão da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros - Secretário de Estado da Saúde antevê «bons tempos» para a profissão

Lisboa, 28 de Setembro de 2009 – O Auditório 1 da Exponor - Feira Internacional do Porto, em Matosinhos, foi palco, na tarde do passado sábado, 26 de Setembro, da Cerimónia de Vinculação à Profissão de cerca de 400 dos aproximadamente 1100 jovens enfermeiros que terminaram a licenciatura em 2009 e que recentemente se inscreveram na Secção Regional do Norte (SRN) da Ordem dos Enfermeiros.

Presente pela primeira vez numa Cerimónia de Vinculação à Profissão, o Dr. Manuel Pizarro, Secretário de Estado da Saúde, participou num debate sobre os desafios que se colocam no mercado da Saúde aos jovens enfermeiros. Afirmando conhecer as dificuldades vividas por muitos recém-licenciados em Enfermagem, o governante afirmou também saber que em Portugal não existem enfermeiros A MAIS. Para isso basta comparar os rácios de enfermeiros por habitantes de Portugal e outros países europeus, salientou. Contudo, «temos uma visão extremamente medicalizada do sistema».
 
Para o Secretário de Estado da Saúde, essa visão deve ser alterada, pois hoje sabe-se que «a eficácia global de um sistema de saúde passa pela valorização da profissão médica, mas também outras profissões como a dos enfermeiros, nutricionistas e higienistas orais».

Isso é especialmente evidente no que toca à promoção da saúde de na prevenção da doença  em áreas onde a mortalidade é bastante significativa, como é o caso das doenças cardiovasculares e das doenças oncológicas.

Também na Saúde Mental «é preciso caminhar para uma "desinstitucionalização" das pessoas e para um modelo de inclusão social».

Por outro lado, é preciso não esquecer que «há necessidade de aumentar o número de profissionais afectos aos Cuidados de Saúde Primários» e que está em curso a implementação das Unidades de Cuidados na Comunidade».

Outra das áreas de intervenção traduz-se nos Cuidados Continuados. «Os enfermeiros são os profissionais pivot» nestas unidades, os que «fazem a melhor interface da integração de cuidados». Mais: «o alargamento, até 2013, da rede até 15 mil lugares, criará inúmeras oportunidades para a Enfermagem». O Dr. Manuel Pizarro mostrou-se, por isso, optimista em relação ao futuro. «Os próximos tempos serão bons para a nobre profissão de Enfermagem», afirmou.

Considerando a apresentação da Enf.ª Lucília Nunes sobre o Modelo de Desenvolvimento Profissional, o Secretário de Estado da Saúde afirmou que todos os recém-licenciados terão hipótese de fazer o exercício profissional tutelado nas unidades para as quais o Ministério abrirá vagas.   

A estas declarações seguiram-se as intervenções da Enf.ª Olga Fernandes, Presidente do Conselho de Enfermagem Regional da SRN, e do Enf. Germano Couto, Presidente do Conselho Directivo Regional da Secção Regional do Norte. Dando as boas-vindas aos enfermeiros ali presentes, o Enf. Germano Couto recordou que «ser enfermeiro é fazer pelo outro o que o outro faria ele próprio se tivesse força e conhecimentos para tal».

Por último, a Enf.ª Maria Augusta Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, fez referência às necessidades de cuidados de Enfermagem, afirmando que «enquanto houver essa necessidade tem que ser garantida a formação de enfermeiros», para que se defenda os enfermeiros e os cuidados prestados aos cidadãos».  

Tendo por base o estudo que a Rede de Jovens Enfermeiros da Ordem dos Enfermeiros (OE) desencadeou junto de colegas que terminaram o seu curso em 2006, 2007 e 2008, a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros lembrou que cerca de metade (49%) dos enfermeiros formados em 2008 estavam ainda sem emprego seis meses após a conclusão da sua licenciatura. Mais: uma das razões para serem excluídos «foi a falta de experiência profissional». Ora, «como se pode exigir experiência profissional a alguém que está á procura do primeiro emprego?», questionou a Bastonária.

A Enf.ª Maria Augusta Sousa também chamou a atenção dos presentes para o momento muito especial que a Enfermagem portuguesa está a viver. A publicação da Lei 111/2009 de 16 de Setembro – a qual institui a primeira alteração ao Estatuto da Ordem dos Enfermeiros e que vai permitir a criação de um período de exercício profissional tutelado antes da atribuição do título de «enfermeiro» e de «enfermeiro especialista» –traduziu-se na concretização de um dos objectivos há muito defendidos pela OE. Com a nova redacção do Estatuto da OE, «o jovem recém-licenciado não mais ficará lançado ao livre arbítrio de quem o apoia na sua fase de transição das responsabilidades profissionais. Mas também no que respeita ao desenvolvimento profissional para a aquisição do título de especialista, este novo processo permitirá certificar as competências não apenas porque se tem formação, mas aliando esta à experiência profissional devidamente enquadrada e reflectida», afirmou a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros.

Recorde-se que as cerimónias de vinculação destinam-se a dar as boas-vindas aos novos enfermeiros. Incluem a leitura do juramento profissional e a entrega da cédula profissional.