Ordens e USF-AN exigem mais e melhores Cuidados de Saúde Primários

Ordens e USF-AN exigem mais e melhores Cuidados de Saúde Primários

  
  

Numa iniciativa inédita, a Ordem dos Enfermeiros (OE), a Ordem dos Médicos (OM) e a Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) juntaram na passada quarta-feira, dia 27 de fevereiro, as suas vozes e apresentaram aos jornalistas uma Carta Aberta, enviada na véspera ao Ministro da Saúde e à Presidente da Comissão Parlamentar da Saúde.

Na missiva, seguida de um pedido de audiência, as três organizações lamentavam as «fortes contradições entre o discurso político e a realidade: ameaças de despedimentos para contratados a termo, obstáculos à evolução de USF para modelo B; alterações arbitrárias nas listas de utentes; incumprimentos na contratualização, dificuldades acrescidas na reorganização das Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados. Referiram-se à «inaceitável ausência de liderança», à «inércia e falta de investimento na mudança».

Os Bastonários da Ordem dos Enfermeiros, dos Médicos e o Presidente da USF-AN lembraram que se fossem criadas de imediato 70 novas USF (as mesmas que já manifestaram vontade e apresentaram candidatura), cerca de 840 mil pessoas passariam a ter atendimento personalizado em USF – 120 mil das quais não têm hoje assegurado médico e/ou enfermeiro de família que as siga.

Estas três entidades consideraram «fundamental» que exista um forte investimento nas USF e nos CSP para que Portugal possua um Serviço Nacional de Saúde de «proximidade e de qualidade».

Sublinharam ainda que a mudança consubstanciada nas USF, em Portugal, abriu um processo de crescimento, maturação e inovação no funcionamento dos cuidados de saúde, no sentido da flexibilização organizativa e de gestão, da desburocratização, do trabalho em equipa, da autonomia, da responsabilização, da melhoria contínua da qualidade, da contratualização, da avaliação (interna e externa) e da sustentabilidade.

O Enf. Germano Couto, o Prof. José Manuel Silva e o Dr. Bernardo Vilas Boas afirmaram aos jornalistas que as USF têm permitido «fazer mais e melhor, com menores custos» na prescrição de medicamentos e meios auxiliares de diagnóstico – tendo o Bastonário da OE referido que seria possível uma poupança de centenas de milhões de euros se todo o país estivesse coberto por USF.

Esta conferência de imprensa ficou marcada pelo impedimento à última da hora, da parte da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, da visita à unidade por parte dos jornalistas. Com a iniciativa, as três organizações gostariam de ter mostrado à comunicação social como se trabalha numa USF e o espírito de equipa e interajuda e a dinâmica que se vive entre profissionais.

Essa visita à USF e também à Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados acabou por acontecer apenas com os dois Bastonários, com o Presidente da USF-AN, e com o coordenador da USF do Parque, Prof. Luís Rebelo.

Já após esta visita, fonte oficial do Ministério da Saúde admitiu ao Jornal de Notícias que «a intenção da tutela é continuar a abrir USF, mas que neste momento não há disponibilidade financeira» para tal.

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Ana Saianda