Necessidades reais das populações devem ser o cerne das preocupações de autarcas e gestores da Saúde, alerta Bastonária da Ordem dos Enfermeiros no âmbito da Semana no Distrito de Aveiro

Necessidades reais das populações devem ser o cerne das preocupações de autarcas e gestores da Saúde, alerta Bastonária da Ordem dos Enfermeiros no âmbito da Semana no Distrito de Aveiro

Aveiro, 28 de Outubro de 2010 - «O futuro Centro Hospitalar de Aveiro (que se perspectiva que comece a funcionar a partir de Janeiro de 2011) será uma boa solução», desde que a reorganização consiga trazer valor acrescentado e melhor resposta às populações face àquilo que têm hoje, sem duplicação de serviços, com segurança e ganhos de eficiência, afirmou hoje a Enf.ª Maria Augusta Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE), aos jornalistas após a reunião com o Conselho de Administração e visita ao Hospital Infante Dom Pedro, em Aveiro.

Durante a Semana da Bastonária que decorre até amanhã no Distrito de Aveiro, a dirigente da OE e o Presidente do Conselho Directivo Regional do Centro da OE, Enf.º Manuel Oliveira, deixaram um repto aos autarcas de Aveiro, Estarreja, Águeda e Anadia para que se envolvam activamente como parceiros com a actual direcção do Hospital de Aveiro na construção do futuro desta unidade. Só assim se garantirá melhores cuidados de saúde aos seus munícipes, reiteraram os dois dirigentes.

 

«É preciso olhar com rigor para aquilo que são as reais necessidades das populações, sendo fundamentais os Cuidados de Saúde Primários, capazes de proceder aos diagnósticos em saúde na comunidade. Estes são a primeira etapa do planeamento em saúde, de que o País carece e que este distrito não é excepção», aludiu o Enf.º Manuel Oliveira.   

A Enf.ª Maria Augusta Sousa lembrou ainda que a evolução do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem de fazer-se no sentido de um investimento em cuidados de proximidade e de continuidade às populações, libertando os hospitais para as respostas mais diferenciadas quando forem necessárias.

Ao nível da gestão, a Bastonária considera que é necessário «dar um salto» no sentido da criação de mais Unidades Locais de Saúde, sem as quais haverá maior dificuldade numa gestão eficiente e efectiva dos recursos.

Neste momento, «não temos uma fotografia do que queremos para o País em matéria de Saúde, a médio e a longo prazo. Temos peças de um puzzle (Unidades de Saúde Familiar, Rede de Urgências inacabada) que ainda não encaixam», sublinhou a Enf.ª Maria Augusta Sousa na conversa que teve com os dirigentes do Hospital de Aveiro.

Aos jornalistas, a Bastonária revelou a enorme insatisfação que grassa entre os enfermeiros pela falta de reconhecimento do trabalho e das competências destes profissionais, nomeadamente através da ausência de regulamentação da carreira de Enfermagem que aguarda promulgação do Presidente da República e que irá clarificar o futuro dos profissionais de Enfermagem.

Os recursos humanos, nomeadamente de Enfermagem, são a peça fundamental para a prossecução e continuidade das reformas que já se iniciaram, sem os quais as reformas poderão cair por terra.

Durante a manhã, os dirigentes da OE estiveram também na Escola Superior de Saúde de Aveiro, onde analisaram e discutiram a reforma do Ensino Superior e respectivos constrangimentos. Foi com pesar que a Enf.ª Maria Augusta Sousa comentou que o Plano Estratégico para o Ensino Superior da Enfermagem, enviado há dois anos ao Ministro Mariano Gago, não obteve ainda qualquer resposta ou debate.

lneves