Ministério da Saúde prefere não contar com enfermeiros para desenvolver as USF - Modelo C

Ministério da Saúde prefere não contar com enfermeiros para desenvolver as USF - Modelo C

Ao contrário do que tem sido publicamente afirmado por vários dirigentes do Ministério da Saúde – relativamente à importância do enfermeiro no sistema de saúde – o Gabinete do Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde incorreu num erro que, infelizmente, não é inédito: nomeou um grupo de trabalho que intervirá numa área com grande impacto na prestação de cuidados de saúde sem que nele conste um único enfermeiro.

Para a Ordem dos Enfermeiros (OE), esta decisão fere o respeito pela profissão e pelo contributo que os enfermeiros devem dar na conceptualização e planeamento de cuidados de saúde que se querem multidisciplinares. Ao não contemplar a participação deste grupo profissional numa área fulcral dos Cuidados de Saúde Primários, o Ministério da Saúde está a desvirtuar os objetivos deste grupo de trabalho, a enviesar as propostas daí resultantes, a perpetuar o desperdício de recursos, assim como a contradizer o próprio discurso do Sr. Ministro da Saúde de que «os enfermeiros são um dos pilares da saúde em Portugal».   

Fase ao exporto, a Ordem dos Enfermeiros manifestou junto do Sr. Ministro da Saúde e do Sr. Secretário de Estado Adjunto o seu total repúdio pela constituição do grupo de trabalho nomeado pelo despacho nº 12876/2012 de 1 de outubro, bem como por se dar continuidade a um erro técnico-político absolutamente lamentável. E a exemplo do que aconteceu com o Grupo Técnico na Área da Diálise Hospitalar, espera que com a intervenção da OE o Ministério incorpore enfermeiros no grupo de trabalho que vai analisar a criação do Modelo C das Unidades de Saúde Familiar.

A Ordem dos Enfermeiros pretende intervir sempre que existam áreas onde os enfermeiros são necessários, mas é-lhe bloqueada a oportunidade de se pronunciar em pé de igualdade com outros atores do sistema sobre o desenho das respostas em Saúde. Estes episódios, de incompreensível incoerência entre o discurso político de elogio aos enfermeiros e esta praxis de exclusão, acabará por inevitavelmente fragilizar a boa relação com o maior grupo profissional da Saúde. Os enfermeiros aguardam serenamente pela posição do Sr. Ministro da Saúde.

 

Enf. Germano Couto,

Bastonário da Ordem dos Enfermeiros

Ana Saianda