Mensagem Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

Mensagem Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença prevenível, caracterizada por uma obstrução brônquica persistente, só parcialmente reversível. Com períodos de agudização frequentes, o internamento é muitas vezes uma inevitabilidade, que geralmente se associa a agravamento funcional do doente, nem sempre reversível (Carneiro, Sousa, Pinto, Almeida, Oliveira, & Rocha, 2010).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a doença atinja 210 milhões de pessoas em todo o mundo, com cerca de 64 milhões de casos sintomáticos. Em 2020, estima-se que será a quinta principal causa de incapacidade em todo o mundo e a única das principais causas de mortalidade cujo crescimento e impacto ainda não abrandou (Teles de Araújo, 2008).

Em Portugal, os estudos apontam para uma prevalência de 14,2% na população portuguesa com mais de 45 anos, o que sugere a existência provável de 800.000 portugueses com DPOC, nos seus diversos estádios (Teles de Araújo, 2012).

O número de internamentos por DPOC, entre 2000 e 2008, aumentou cerca de 20%, representando um custo superior a 25 milhões de euros, o que equivale a um aumento de 39.2%. O custo por doente internado também aumentou 16% (Direção-geral da Saúde, 2013).
O principal fator desencadeante da DPOC é o fumo de tabaco, tanto para fumadores ativos, como para os que a ele estão expostos passivamente (Teles de Araújo, 2008). Dada a relação direta entre DPOC e tabagismo, a prevalência da doença e a mortalidade estão aumentadas nos fumadores.

Segundo orientações da Direção-geral da Saúde (2013), o diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é feito na presença de:

• sintomas respiratórios crónicos e progressivos (tosse, expetoração, dispneia, cansaço com atividade física e pieira);

• exposição a fatores de risco (tabaco, poeiras e gases inalados);

• obstrução ao fluxo aéreo, demonstrado por alterações espirométricas (relação FEV1/FVC inferior a 70% após broncodilatação)  que confirmam o diagnóstico de DPOC, no contexto clínico referido nos itens anteriores.

A perceção da dispneia durante o esforço leva os doentes a diminuírem progressivamente a sua atividade física, criando um ciclo vicioso que pode levar a limitações no desempenho das atividades de vida diárias. Este condicionamento leva a uma diminuição da força e massa muscular, sensação de fadiga e dor (Pereira, et al., 2010).

As exacerbações da DPOC estão associadas ao agravamento da doença, ao declínio acelerado da função respiratória e ao aumento da mortalidade. Assim, o controlo e tratamento desta doença permitem, não só a melhoria da qualidade de vida dos doentes e famílias, como maior racionalização dos elevados custos envolvidos (Direção-geral da Saúde, 2013).

O tratamento da DPOC, além da suspensão de hábitos tabágicos, é baseado na sintomatologia (Pereira, et al.2010), no qual deve ser incluída a reabilitação respiratória.

A evidência científica disponível mostrou que a reabilitação respiratória, como complemento ou alternativa ao tratamento farmacológico, aumenta a tolerância ao esforço e melhora a dispneia e a qualidade de vida dos doentes. Estes benefícios refletem-se numa demonstrada diminuição de exacerbações, consultas e internamentos hospitalares. Estes efeitos aumentam, provavelmente, a sobrevida na DPOC. Os estudos mostraram também que a reabilitação respiratória é uma abordagem terapêutica insubstituível, segura, eficaz e barata (Direção-geral da Saúde, 2009).

Os Enfermeiros de Reabilitação são aqueles que pelas suas competências e proximidade estão mais aptos a integrar todas as vertentes dos cuidados necessários à pessoa com DPOC.

Bibliografia

Carneiro, R., Sousa, C., Pinto, A., Almeida, F., Oliveira, J. R., & Rocha, N. (Setembro/Outubro de 2010). Risco de reinternamento na doença pulmonar obstrutiva crónica – Estudo prospectivo com ênfase no valor da avaliação da qualidade de vida e depressão. Revista Portuguesa de Pneumologia , XVI, pp. 759-777.

Direção-Geral da Saúde. (2009). Orientações Técnicas sobre Reabilitação Respiratória na Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC). Lisboa

Direção-Geral da Saúde. (2013). Diagnóstico e Tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. Lisboa

Pereira, Â. M., Santa-Clara, H., Pereira, E., Simões, S., Remédios, Í., Cardoso, J., et al. (Setembro/Outubro de 2010). Impacto do exercício físico combinado na percepção do estado de saúde da pessoa com doença pulmonar obstrutiva crónica. Revista Portuguesa de Pneumologia , XVI, pp. 737-757.

Teles de Araújo, A. (2008). Epidemiologia da DPOC em Portugal e no Mundo. Retrieved from http://www.paraquenaolhefalteoar.com/articles.php?id=191

Teles de Araújo, A. (2012). Relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias 2011 – a sociedade, o cidadão e as doenças respiatórias . Retrieved from http://www.fundacaoportuguesadopulmao.org/Relatorio_ONDR_2012.pdf
 

patriciag