Infeções hospitalares: Ordem quer integração de enfermeiros em grupo de trabalho

Infeções hospitalares: Ordem quer integração de enfermeiros em grupo de trabalho

A Ordem dos Enfermeiros vai solicitar ao Ministério da Saúde que inclua enfermeiros no grupo de trabalho recém-criado para aferir indicadores de qualidade sobre controlo de infeções e resistência a antibióticos. A garantia foi dada por Luís Barreira, Vice-presidente do Conselho Diretivo da Ordem dos Enfermeiros (OE).

Considerando «o trabalho absolutamente fulcral» que é feito pelos enfermeiros que participam em várias estruturas e nos mais diversos serviços, bem como a necessidade de otimizar estratégias e reduzir significativamente o impacto negativo na vida dos doentes, «o grupo de trabalho agora constituído deverá incluir representantes de várias ordens profissionais, nomeadamente da Ordem dos Enfermeiros». Nesse sentido, «vamos apresentar esta proposta junto do Ministério da Saúde e à ACSS, para que desta forma se cumpra o que está previsto no despacho que criou o grupo de trabalho», explica o responsável.

O grupo de trabalho interinstitucional referido por Luís Barreira foi criado pelo Despacho 3844-A/2016, publicado no «Diário da República» de ontem, 15 de março. Nele, define-se a composição da task force – Direção-Geral da Saúde (DGS), Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED), e Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), que preside.

Mas o último ponto do despacho também refere que «podem ser chamados a colaborar com o Grupo de Trabalho outros elementos, a título individual ou como representantes de serviços ou organismos do Ministério da Saúde ou de outras instituições».

Recomendações de melhoria

O diploma refere igualmente o objetivo primordial do grupo: até ao final deste semestre, irá garantir «os mecanismos que permitam obter os dados e os indicadores, por instituição hospitalar, relativos a consumo hospitalar de antibióticos, resistência antimicrobiana» e infeções associadas a cuidados de saúde (IACS), elementos que vão dar origem ao «”índice de qualidade PPCIRA”» – Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos.

Segundo alertou o Vice-presidente do Conselho Diretivo, o despacho também prevê que o grupo elabore recomendações de melhoria e «isso só faz sentido se na task force participarem enfermeiros – profissionais que estão no terreno em contacto de proximidade com os utentes e que desempenham um papel fundamental nas comissões de controlo de infeção hospitalares», entre outras.
 
E mesmo no que diz respeito às resistências aos antimicrobianos, Luís Barreira salienta que recentemente o International Council of Nurses (ICN) tomou posição sobre esta matéria. A instituição que representa 130 associações de enfermeiros em todo o mundo defendeu que os enfermeiros «são cruciais na definição e reforço das políticas e práticas de prevenção e controlo, assim como no apoio aos pacientes ao uso adequado de antibióticos».

O Vice-presidente do Conselho Diretivo da OE recordou ainda que a existência de dotações inseguras de enfermeiros nos serviços de saúde são um dos fatores propulsores das IACS, algo que, além de custar muitas vidas, tem custos avultados – 300 milhões de euros. Ora, «estes custos poderiam ser significativamente reduzidos com um maior investimento nos recursos humanos.  

Aceda ao Despacho n.º 3844-A/2016

lneves